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ROTEIRO "POD ARMYS" – PROGRAMA N° 15, POLITIZA ARMY!

  • podarmys
  • 9 de mar. de 2024
  • 31 min de leitura

Oradora 1: Larissa

Oradora 3: Aurora

Oradora 4: Jeca

Oradora 5: Mariana

Anfitrião: POD_ARMYS

Convidados Responsáveis: Liga Comunarmys, Army Help The Planet

Roteiristas: Yris Soares e Larissa Gralha




Oradora LARI: Boa noite Armys, eu sou a Larissa e serei a mediadora de vocês, ou seja, vou conduzir vocês neste mundinho que é o POD ARMYS / E no episódio de hoje temos um dos temas que já podemos considerar uma marca registrada dentro do fandom army, a política./ A política que vai além de votar em alguém ou ter um lado,  a gente vai falar das lutas, das causas e das relações que o BTS e os armys tem com diversas causas. Afinal, nós somos seres políticos e como diz nosso hino BAEPSAE, “nós não nos desapontamos, nós honramos nosso nome”./ Entender o que se passa no nosso país, o que precisa ser falado ou mudado e principalmente o que nós podemos fazer, é política e se o BTS nos incentiva é ainda melhor./ E quem nos acompanha no EP de hoje e que já esteve conosco em alguns eps passados é a JECA da LIGA COMUNARMY,  a MARIANA da ARMY HELP THE PLANET e a AURORA, nossa oradora co- host do POD./ Então sejam bem vindas meninas e é com você AURORA//


Oradora AURORA:  Boa noite armys! Estou muito feliz em estar novamente aqui como oradora do POD e estar falando de política e para darmos início, a gente primeiro precisa entender o que de fato é, ou pelo menos ter o conceito de política./ Em conceitos científicos, a política é algo que tem a ver com a organização, direção e administração de nações ou Estados. / É o Direito, enquanto ciência aplicada não só aos assuntos internos da nação, mas também aos assuntos externos./ Para a filosofia, a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem), e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva).


Oradora LARI: É muito louco quando falamos ou abordamos o termo "política” e as pessoas já associam a algo como “vote em tal pessoa” ou “ alienação para algo”. / Quando na verdade a ciência política fala sobre a nossa voz e o nosso pensar, tanto individualmente quanto coletivamente./ E para falarmos sobre a política no BTS e no Army, precisamos entender o k-pop para além do âmbito musical, de entendermos a história e a origem dessa cultura, da onda coreana na península coreana./ E quem conta isso tudo pra gente é a JECA. / Seja bem-vinda novamente  e o microfone é todo seu.//


Oradora JECA: Boa noite, Armys e oradoras presentes, é um prazer estar no POD. / Para começarmos, precisamos ser realistas: o k-pop não nasceu com o BTS. / De fato, o que hoje nós conhecemos como k-pop realmente tem muita influência do que os meninos trouxeram e conquistaram como grupo nesses 10 anos de carreira./  Mas o gênero musical em si nasceu nos anos 90 para o início dos anos 2000, e chegou se tornou  popular para nós aqui no Brasil, em meados de 2010, com o Gangnam Style, do PSY. // 


Oradora LARI: De fato! Acho que todos temos uma memória de quando o Psy lançou essa música e virou febre fazer a dancinha./ E por isso é importante saber como se iniciou esse fenômeno da onda coreana que virou uma grande potência cultural, que tem hoje em dia como carro-chefe o k-pop e de que forma os meninos viraram personagens fundamentais dessa cultura que conquistou e continua conquistando o mundo.// 


Oradora JECA: Pois é LARI, mas é interessante ressaltar que hoje nós falamos sobre Coreia, mas o Brasil de anos atrás tinha maior contato com a cultura japonesa, principalmente o entretenimento japonês. / Isso se deu por conta dos processos de imigração dos séculos passados e, anos mais tarde, com a própria globalização dentro e fora da tão conhecida internet./ E daí a gente percebe que esse contato com essas culturas não é tão recente. / Mas, por mais que muitos tentem colocar tudo como “cultura asiática”, seja a japonesa, chinesa, etc., a cultura coreana tem se mostrado cada vez mais imponente e independente do que rotulam como “padrão asiático”. / O BTS despertou, pelo menos em mim, a curiosidade genuína de conhecer mais sobre a cultura do lugar de onde eles vieram, já que quando eu ouvia as letras, a forma como eles se posicionam e até mesmo o idioma que eles falam eu queria saber mais sobre o que era diferente de tudo o que eu conhecia como cultura.//


Oradora LARI: As culturas da Ásia são muito distintas e acredito que a Coreia se destaca muito pelo fato do k-pop romper barreiras e ser consumido mundialmente./ E isso acaba fazendo com que a economia dispare e falando do BTS, não é novidade que os meninos movimentam a economia daquele país e consequentemente a política.// 


Oradora JECA: O BTS, através do entretenimento, se tornou parte da economia da Coreia do Sul. / Eles se tornaram um grupo que não influencia somente na arte e na música, mas politicamente eles se tornaram muito importantes para o país deles./ Mas para compreender essa movimentação da Coreia do Sul até chegar ao ocidente e como conhecemos a cultura coreana hoje, a gente precisa tentar entender pelo menos o básico da história da península da Coreia. / Tanto nós quanto o próprio povo coreano, em suma maioria, acredita que sempre existiu uma única e unida Coreia. / Tanto os coreanos do sul quanto os do norte não reconhecem essa divisão. / O nosso líder, Kim Namjoon, ainda bem jovenzinho, escreveu o famoso poema “Península Coreana Tigre e Unificação”, onde justamente ele descreve essa visão, de a Coreia ser um local que, apesar de pequeno e propositalmente ter sido dividida para criar essa polarização: norte socialista e sul capitalista como é conhecido hoje. / Porém, é um país que é constituído por uma população que quer a reunificação. / Então, para entendermos, vou trazer um pouquinho dessa história resumidamente.// 


Oradora JECA: Primeiro que se chama de península pelo fato da Coreia ser uma porção de terra quase que completamente cercada por água, quase uma ilha./ Geograficamente, ela fica colada à China, mas também fica muito próximo da Rússia e do Japão. O desenvolvimento cultural, social, político e econômico da Coreia é uma parte muito rica e complexa da história, já que é uma das civilizações mais antigas do mundo e foi recheada de conflitos por território entre reinos sob influência chinesa e confuciana.//  Mas no decorrer da história, os séculos 14 a 19 na península coreana foram os que mais trouxeram marcos significativos para a construção de um Estado Coreano forte. A dinastia vigente era a Joseon, que foi a responsável pelos grandes feitos para a cultura, política e sociedade coreana, desenvolvendo a região em diversos aspectos, desde a adoção de um novo sistema de governo, a criação do hangul (ou alfabeto coreano), fortalecimento de poderio militar e expansão de território, até o desenvolvimento tecnológico, da ciência e literatura coreana.


Oradora LARI:  Olha, quem é Army e até mesmo quem não é, provavelmente já viu algo nas produções audiovisuais coreanas sobre a história da relação da Coreia com o Japão. / É uma relação que vem regada de ataques e invasões desde o império japonês, mas como iniciou tudo isso JECA? //


Oradora JECA: Foi em 1592 a primeira tentativa de invasão do Japão, o que não parou até o século 19, quando aconteceu a guerra sino-japonesa, lá em 1894./  Foi uma disputa entre a China e Japão pelo território coreano, numa perspectiva de expansão imperialista, então a ofensiva japonesa foi terrível sob a Coreia, tanto que 1910 veio a forçada anexação da Coreia ao Japão, o que na opinião de vários historiadores foi uma das piores catástrofes provocadas pelo homem na história da humanidade, superando até mesmo o nazifascismo alemão. / Os coreanos tiveram de mudar a língua oficial da península e seus próprios nomes para japonês, mulheres se tornavam escravas sexuais do exército japonês, as tropas oprimiam todas as tentativas de revolta contra o domínio japonês. / Então a ocupação perdurou até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, que embora o Exército Vermelho da União Soviética de Stalin tenha derrotado o nazifascimo alemão, ainda tinha uma guerra bem ao lado para resolver. E é aqui que entra os Estados Unidos, que até então não tinha se envolvido, mas que na história sempre chega para tomar sua fatia do bolo, que foi quando mandou as bombas em Hiroshima e Nagasaki para conter a ofensiva japonesa no Pacífico, marcando assim o fim da Segunda Guerra.//


Oradora JECA: Já em 1948, ou seja, três anos após a Segunda Guerra, depois de algumas tentativas pela reunificação das Coreias, o território ao sul da península ficou sob domínio dos Estados Unidos, que queria investir parte de seu mercado no pacífico, injetando assim a ideologia capitalista. / Enquanto o lado norte, por fortíssima influência da Revolução Russa em 1917 e a Chinesa que estava em curso, tivemos a ascensão do marxismo-leninista para a criação do socialismo coreano / Então em 1948, temos a fundação da República da Coreia, ou para o ocidente, Coreia do Sul; e a República Popular Democrática da Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte ou Coreia Popular.//


Oradora JECA: Como um dos países do centro do capitalismo, a Coreia do Sul é hoje vista como um país desenvolvido, que além de popular pelo entretenimento, tradição e cultura, é também sede de famosos conglomerados fabricantes de tecnologia e carros, como a Samsung e a Hyundai./ Mas, em contrapartida, seu grande investimento no processo de modernização, graças à forte influência norte-americana e também japonesa, uma vez que o próprio k-pop é inspirado na indústria musical do país vizinho, trouxe uma série de contradições, como jornadas exaustivas de trabalho e totalmente precarizado, padrões de beleza inalcançáveis, especulação imobiliária, desigualdade social cada vez mais visível, o que impacta diretamente a saúde física e mental dessas pessoas./ O que podemos concluir disso tudo é que a Coreia para nós ainda é um fenômeno recente, tendo em vista que é sempre colocado para nós, pela mídia hegemonica, que há uma polarização, em que o norte está sempre pronto para atacar o sul, esse que entre aspas vivem em um país feliz e cheio de oportunidades. / Mas na verdade é que a Coreia do Sul é um país moldado para ser perfeito, algo que é amplamente criticado pelo próprio BTS.


Oradora LARI:   Acho que sempre devemos lembrar que a indústria coreana sempre vai mostrar só as coisas belas, mas que devemos ter consciência que nem tudo são flores./ E eu sei que muitos questionamentos  podem começar a surgir na cabecinha de vocês, então para quem quiser se aprofundar mais nessa discussão, busquem o perfil da LIGA COMUNARMYS, que eles sempre disponibilizam mais conteúdos para que vocês compreendam melhor. / Certo, Aurora?//


Oradora AURORA:  Isso mesmo LARI!  A LIGA está lá pra quem quiser saber mais e entender que a música também é um ato de militância, as letras dos meninos são a prova disso.// Agora fazendo uma reflexão sobre tudo o que você e JECA falaram, é importante termos a consciência de que a história do mundo que aprendemos tem uma perspectiva americanizada. E quem conta melhor sobre essa perspectiva é a MARI do ARMY HELP THE PLANET. / Bem vinda MARIANA!.//


Oradora MARIANA: Boa noite army! É um prazer estar aqui com vocês, falando de um tema tão importante e bastante especial para nós do AHTP: política./  Então pessoal, pegando a deixa da AURORA fazendo uma reflexão sobre tudo o que a JECA falou, é importante termos a consciência de que a história do mundo que aprendemos nas escolas, e que é narrada nos meios de comunicação, muitas vezes, aliás, na esmagadora maioria, tem uma perspectiva ocidental eurocêntrica, que ignora ou distorce as realidades e as culturas de outras regiões do planeta.  Essa perspectiva é fruto de um longo processo de dominação política, econômica e cultural exercido pela Europa e pelos Estados Unidos sobre o resto do mundo, especialmente o Oriente./ Um dos livros que denuncia essa visão enviesada é a obra “Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente”. Ele foi escrito por Edward W. Said, um intelectual palestino que analisa como o Ocidente construiu uma imagem estereotipada e exótica do Oriente, que serviu para justificar a colonização e a exploração desses povos. Said mostra como o orientalismo, que é o conjunto de saberes e representações do Oriente, influenciou a literatura, a arte, a ciência e a política ocidentais, e como os povos orientais resistiram e contestaram essa visão.  Além desse livro, temos também a obra "Cultura, um conceito antropológico", de Roque Laraia, que nos apresenta a seguinte citação "[...] cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra". Essa frase nos ajuda a entender essa visão colonial de povos tidos como “primitivos” e “bárbaros”, quando na realidade, estamos apenas falando de culturas diversas que foram excluídas e diminuídas através desse pensamento.//


Oradora MARIANA: E nesta perspectiva, algo que eu vejo com bastante entusiasmo é o fato dessa perspectiva ocidental eurocêntrica estar se modificando com a globalização e o avanço das mídias sociais, que permitem uma maior circulação e diversidade de informações, opiniões e narrativas. / As redes sociais estão interconectando todos os seres humanos, criando um novo tipo de globalização, mais profunda do que a globalização que caracterizou o século 20./  As novas tecnologias também possibilitam novas formas de produção, consumo, comunicação e governança, que desafiam os modelos tradicionais e hegemônicos. / O poder e controle sobre as narrativas já não permanecem de forma exclusiva na mão de poucos. / O poder de disseminação de informações e de mobilização pelas redes sociais é algo realmente revolucionário./ Diante de todo esse cenário, é importante buscar compreender a história a partir de outros pontos de vista, construindo o próprio senso crítico e respeitando a diversidade cultural. Não podemos aceitar passivamente as versões oficiais ou dominantes da história, mas sim questionar, pesquisar e dialogar com outras fontes e perspectivas. A internet pode ser uma ferramenta poderosa para isso, desde que saibamos usá-la com responsabilidade e ética. //


Oradora AURORA:   A gente às vezes não se dá conta, mas a tecnologia, a internet e principalmente as redes sociais nos dão um poder enorme, principalmente de questionarmos aquilo que nos é apresentado./ Como a MARIANA disse, a internet pode ser uma ferramenta poderosa para isso/ E por saber que temos esse poder de criticar, de questionar e de usar as nossas vozes, principalmente quando ouvimos e cantamos músicas do BTS, que agora eu peço MARIANA,  que você explique um pouco sobre o histórico das críticas que os meninos já fizeram.// 


Oradora MARIANA: Pois é AURORA, o BTS surgiu com a missão de ser uma voz para a juventude, lutando contra preconceitos e apresentando músicas com fortes críticas sociais. /   Desde a sua origem, o BTS se inspirou no hip-hop e no rap para expressar suas opiniões sobre temas como educação, saúde mental, pressão social, amor próprio e injustiça. Tendo isso em mente,  eu trouxe algumas das músicas que refletem essa postura crítica do grupo./ Como N.O: Lançada em 2013, a música questiona o sistema educacional coreano que impõe aos estudantes um caminho único e padronizado, sem levar em conta seus sonhos e aspirações. / Mensagem que acaba sendo muito universal a letra diz: “Quem é que vai escolher o meu destino? / Nós somos nós mesmos / Nós não vivemos para os outros / Não desista dos seus sonhos / Você é você, você é você”. Lembrando que N.O. é um acrônimo para “No Offense”.//


Oradora MARIANA:  Temos a incrível Tomorrow: Lançada em 2014, que fala sobre a incerteza e a ansiedade do futuro, mas também sobre a esperança e a perseverança / A letra possui frases como: “Mesmo se eu estiver preso na escuridão / Mesmo se eu estiver perdido no labirinto / Mesmo se eu estiver machucado e em dor / Mesmo se eu estiver no fundo do poço / Eu vou continuar correndo / Eu vou continuar sonhando / Eu vou continuar vivendo / Porque amanhã virá”./ 


A icônica  Baepsae: Lançada em 2015, que faz uma crítica à meritocracia e às classes sociais, usando a metáfora de um pássaro chamado baepsae, uma espécie de “corvo”, que possui as pernas curtinhas./ É baseada no ditado coreano que fala que “Se um baepsae anda como uma cegonha, ele quebrará suas pernas” / A letra compara a geração mais velha (que teve mais oportunidades e privilégios em um boom econômico do país), a uma cegonha, que possui pernas longas. Por outro lado,  a geração mais jovem, que enfrenta mais dificuldades e preconceitos, é comparada com um baepsae.//


 Oradora MARIANA:  Mais um exemplo é a Am I Wrong: Lançada em 2016, a música é uma crítica à sociedade e à política, questionando a falta de ética e de justiça . A letra diz: “Estou errado? / Se eu disser que o mundo está errado? / Estou errado? / Se eu disser que tudo é uma mentira? / Estou errado? / Se eu disser que a mudança é possível? / Estou errado? / Se eu disser que podemos fazer melhor?”./ 


Outra música icônica é Paradise: Lançada em 2018, a música é uma mensagem de conforto e encorajamento para aqueles que se sentem perdidos ou sem rumo na vida diante dessa constante pressão para conquistar coisas, acumular coisas, ganhar dinheiro, obter status. A letra diz: “Pare de correr por nada, meu amigo / Você não precisa ter um sonho / Apenas seja feliz sem nenhuma razão / Nós merecemos ser chamados de jovens / Não há necessidade de ter um sonho / Apenas viva assim, nós somos o paraíso”./ E essas são apenas algumas das tantas músicas que os meninos tem e que carregam toda uma história e debates importantes.//


Oradora LARI:   É MARIANA, o Bangtan, seja por sua arte ou por suas ações pessoais, sempre incentivou as pessoas, o Army, a se expressarem e lutarem por aquilo que acreditam, com o slogan “Speak Yourself” / Em 2018, o nosso líder, Namjoon, fez um discurso na ONU ao lado dos membros, falando sobre a importância de se amar e de se aceitar, e convidando os jovens a usarem sua voz para fazer a diferença /  Ele disse: “Eu quero ouvir a sua voz, eu quero ouvir a sua convicção. Não importa quem você é, de onde você é, sua cor de pele, sua identidade de gênero, apenas fale de você mesmo”./  E eu particularmente sou tão apaixonada nesse discurso,  ele é de uma força tão grande que me dá um conforto e um gás absurdo para seguir em frente./  A verdade é que O BTS é fora da curva, ele nos inspira ao olhar o nosso redor com um olhar muito mais crítico e consciente  /  E é justamente sobre as críticas do BTS ao governo e a indústria do k-pop, que a JECA vai falar agora.//  


Oradora JECA: Então LARI, desde que o BTS ganhou notoriedade para o mundo, eles têm impactado a juventude a pensar fora da caixa, a criticar o que está ao redor e como as estruturas da sociedade em que vivemos nos afeta. / Somos as gerações do futuro, então desde já estamos construindo o que queremos para esse futuro e mesmo que com as diversas músicas que nós conhecemos da discografia deles, como as citadas pela Mari e também Strange, Haegeum e várias outras, ou até mesmo posicionamentos em discursos, entrevistas, o que eles consomem, etc., há quem ainda tente invalidar o que o BTS significa e representa./ Dizer que eles são moldados pela indústria e que fazem isso da boca para fora empobrece qualquer debate, uma vez que não analisa a conjuntura por completo. / Ainda estamos falando de homens asiáticos, racializados, que mesmo com fama e dinheiro, vivem as mazelas do racismo e xenofobia, assim como também vivem sob as estruturas frenéticas por lucro do sistema capitalista na indústria musical.//


Oradora LARI:  Esse é um ponto muito importante JECA, o racismo e a xenofobia não irão sumir apenas porque o BTS é rico e tem uma grande base de fãs, infelizmente e eu digo infelizmente porque não sou a favor da romantização da luta e do sofrimento, eles ainda terão que lutar e muito contra todas essas mazelas / Armys, quanto fãs, não é nosso papel colocar palavras na boca dos membros, então não podemos definir o que quer que seja da visão deles. Mas nada nos impede de usarmos desse incentivo e influência que eles nos dão por  meio da música para começar a compreender a nossa própria realidade./ JECA, por que então é importante discutirmos sobre formação e organização sociopolítica dentro do fandom Army?"



Oradora JECA:  Costumo dizer que o Army tem o privilégio de ter para si dois tipos de fanbase: as mais conhecidas, como as de charts, stream e notícias sobre o BTS, e assim como as como nós, a Liga Comunarmy e Army Help The Planet, assim como várias outras, que chamo carinhosamente de “fanbases de movimento social”. / Não somos diferentes das demais fanbases quando se trata de amar o BTS, mas nós traduzimos essa relação com os 7 membros de uma forma diferenciada./ Vemos que o nosso trabalho se destaca quando captamos o que o BTS quer nos dizer através de sua arte e traduzimos essas mensagens para a nossa realidade / O Brasil por si só é um país que tem diversas discussões emergente como racismo, machismo, xenofobia, capacitismo, pobreza, desigualdade social, trabalho precarizado, dentre outras diversas questões que tendem a ser discutidas pela juventude e a sociedade como um todo, mas é por nossas fanbases que estamos construindo, junto ao Army, uma forma de enxergar uma nova perspectivas.//


Oradora JECA: A Liga Comunarmy, por exemplo, nasceu justamente dessa vontade, a partir da união de fãs do BTS que também pensam na revolução brasileira como solução para a não opressão e domínio sob a classe trabalhadora e minorias./ Afinal, entendemos que por trás de cada perfil de fã nas redes sociais, existe alguém que convive nessa sociedade, enfrentando as mais diversas adversidades que esse sistema tem e irá oferecer./ Por isso, nosso intuito quanto um coletivo anticapitalista e antifascista, criado por fãs do BTS, é atuar como organização social dentro do fandom, em prol do trabalho de base, a fim de democratizar o acesso à informação qualificada e disseminar conhecimento a respeito das pautas da classe trabalhadora ao Army, para nos unirmos politicamente e socialmente, reconfigurando assim o sistema em que vivemos./ Nosso principal compromisso, portanto, é levar a mensagem do grupo e ajudar o Army a construir senso crítico e revolucionário. / Tão quão amamos o BTS vemos a importância de analisar e discutir o nosso dia a dia fora da bolha kpop, assim como lutar contra contradições desse sistema a fim de mudar o funcionamento social, político e econômico para melhor, construindo um mundo livre da exploração e digno para a classe trabalhadora. / Se não fosse o BTS nos unir por meio da música, faríamos o mesmo por conta da luta de classes / Então é como se o BTS nos ajudasse a alcançar mais Armys para dar uma perspectiva para além do capitalismo / Se o próprio BTS, através de sua arte ou posições, questionou estruturas e instituições governamentais da Coreia do Sul, quem somos nós para não fazer igual, não é mesmo? //



Oradora LARI: De fato JECA, acredito que sempre tivemos essa sede de mudança, como o Nanjoom já disse tantas vezes, “nós somos o futuro” e ter a arte deles e principalmente o apoio é de uma importância imensurável / Agora e para o ARMY HELP THE PLANET, MARI? Como é para vocês? Conta pra gente!//



Oradora MARIANA:  Então LARI, Nós no AHTP, acreditamos que o ARMY é, naturalmente, um fandom mais politizado e engajado em causas socioambientais em virtude da própria influência do BTS que, como comentamos anteriormente, por meio de sua arte e de suas ações pessoais / inspiraram pessoas de todo o mundo a usar suas próprias vozes, a "Speak Yourself" e a assumir uma postura ativa, incentivando a tomada de ação para as mudanças que desejam em suas realidades./ Na palestra que tive a honra e o prazer de apresentar ano passado na BTS Conference, em Seul, representando o AHTP, acabei falando um pouquinho sobre o poder de mobilização do army de uma perspectiva acadêmica / Como abordei na ocasião, falar sobre o BTS, do seu sucesso e de suas conquistas inevitavelmente nos leva a falar sobre seu fandom, o ARMY, que acrônimo de “Adorable Representative MC for Youth”, ou em tradução livre para o português “Adoraveis Representantes MC para a juventude” é um fandom  conhecido por seu grande poder de engajamento./ O vínculo entre o BTS e o ARMY é muito especial e único. A organização do ARMY ajudou a dar ao grupo o recorde de maior número de semanas em primeiro lugar na parada Social Fifty da Billboard, a dar a "Butter" o recorde de vídeo musical mais visto no YouTube em 24 horas, com cento e oito milhões e duzentas mil visualizações, entre inúmeras outras conquistas.//


Oradora LARI:  Antes de prosseguirmos eu só gostaria de informar para quem entrou depois do início do episódio ou quase agora e está meio perdido /  O episódio de hoje está sendo gravado, então você pode ouvi-lo inteirinho depois / E no episódio de hoje temos um dos temas que já podemos considerar uma marca registrada dentro do fandom army, a política ! Estamos conversando e entendendo como a política vai muito além de escolher um partido e como o BTS é um grupo ativamente politizado/ Bom continuando, MARIANA, que chic e que feito incrível, meus parabéns! Você representou não só o ARMY HELP THE PLANET, mas todos os armys do Brasil, de verdade, que orgulho!/ É muito bacana, pois além da nossa dedicação nos streams e nas votações que os meninos participam, temos inúmeros outros feitos que saem até da bolha do k-pop né MARIANA?//


Oradora MARIANA: Isso mesmo LARI! Primeiramente, aproveito a oportunidade para agradecer, mais uma vez todo o B-ARMY, pois todas as coisas incríveis que o AHTP já conquistou é graças aos ao apoio e engajamento de vocês! Obrigada de verdade! Sem esse apoio NADA seria possível. E como estavamos comentando, o ARMY, de fato, também tem sido notícia fora da bolha do k-pop por diferentes tipos de engajamento, que vão além de sua devoção e organização para apoiar o trabalho do BTS e de seus membros. / O ARMY tem chamado a atenção pela imensa mobilização em prol de causas socioambientais, sendo a ação mais notória, talvez, a #MatchAMillion, quando o ARMY, em apenas 1 dia, igualou a doação de 1 milhão de dólares do BTS para o Black Lives Matter. Ação que foi coordenada pela One In an ARMY, uma fanbase que faz um trabalho muito legal de mapear as ações do army ao redor do mundo./ É necessário dizer que “fandom” , em si, não é novo e nem algo que surgiu simplesmente por causa da tecnologia digital, mas que, de fato, se tornou uma presença mais viável e visível no ambiente de mídia atual. / Os estudos de fãs como campo de pesquisa têm pouco mais de três décadas, mas, nesse período, já gerou uma grande quantidade de literatura e interesse da comunidade acadêmica; destaco aqui a pesquisa do professor Henry Jenkins.//


Oradora MARIANA: E o BTS ARMY também atraiu a atenção da comunidade acadêmica por esse motivo bastante interessante e particular, já que as atividades desse fandom em particular vão muito além de simplesmente curtir e consumir a música, os produtos e os serviços de seus ídolos, mas demonstram uma força coesa única engajada em causas ambientais e sociais. / O ARMY está provando ser um fandom mais robusto, expandindo-se a níveis sem precedentes e suas ações estão reverberando muito além da bolha da "cultura de fãs", produzindo fenômenos ainda não vistos no setor de entretenimento tradicional e, muitas vezes, chocando a cética mídia ocidental, tão acostumada à hegemonia dos atos de língua inglesa./ Estudos têm procurado entender e explicar o "fenômeno do BTS ARMY". / Os professores Chang e Park têm um artigo incrível que examina, a partir da teoria de Maffesoli, o BTS ARMY como uma formação neotribal, na qual a necessidade humana básica de conexão é facilitada, mediada e até mesmo transformada por meio da tecnologia digital. Para ele, essa formação neotribal do army tem quatro características principais: Intimidade Digital, Sociabilidade Não Social, Localidade Transnacional e Organização sem Organização.//


Oradora MARIANA: Outro estudo fascinante é do professor Dal Yong Jin, que também examina o ARMY, mas dessa vez entendendo o fandom como a formação do cibernacionalismo "transnacional". / Ao contrário dos estados-nação físicos, como Brasil, Argentina, Portugual, Coreia do Sul, etc, nos quais os internautas promovem a identidade nacional e a sua supremacia contra outros estados-nação, os fãs do BTS desenvolvem um cibernacionalismo transnacional comunicativo, que promove a solidariedade entre eles e, ao mesmo tempo, forma um poder cibernético inacreditável contra a injustiça social e a luta dos jovens./ O cibernacionalismo transnacional, que não se baseia em etnia e/ou raça, mas sim em fandom global, solidariedade e lealdade, vem mudando a noção de nacionalismo, tanto política quanto culturalmente. / O professor Young Jin destaca que "o cibernacionalismo na esfera do BTS não é o que o nacionalismo digital tradicional pretende fazer, que envolve a lealdade a qualquer estado-nação específico de base territorial/étnica, pois sua nação é uma nação BTS - imaginada, transnacional e aberta a todos".//


Oradora AURORA:  Gente, quando a MARINA falou sobre cibernacionalismo, eu lembrei diretamente da minha pesquisa sobre o ciberativismo army, especificamente de nós b-armys. / Em como pessoas que estão em outra cultura, outra realidade e do outro lado do  mundo podem nos influenciar de maneira tão forte né, MARIANA?// 


Oradora MARIANA: Sim AURORA, é incrível saber desse poder de influência do BTS até nas pesquisas do ARMY. Muito legal saber da pesquisa que você desenvolveu com o tema do ciberativismo army. Acho legal comentar, inclusive, que nós, do AHTP, sempre recebemos contatos de armys que estão desenvolvendo os seus trabalhos acadêmicos sobre o fandom, com diversas abordagens. Esses trabalhos que comentei foram apenas alguns exemplos de estudos sobre o BTS ARMY, entre vários outros já realizados e inúmeros outros que certamente ainda surgirão, a partir de outros referenciais teóricos. / Afinal, o BTS, o ARMY, o nosso vínculo e tudo o que nós estamos construindo é algo difícil de explicar, se é que existe alguma explicação, mas seja como for, acredito que, dentro da perspectiva do Desenvolvimento Sustentável, que é a minha área de pesquisa acadêmica e tema da minha dissertação de mestrado, o BTS ARMY pode certamente ser visto como um ator da sociedade civil./ O conceito de sociedade civil ainda não tem uma definição comumente aceita. / Uma definição aceito, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, é que "a sociedade civil é uma arena de ações coletivas voluntárias em torno de interesses, propósitos e valores compartilhados, distinta das famílias, do Estado e das instituições que visam ao lucro". / Uma característica fundamental dessa definição é o conceito de sociedade civil como uma "arena", um termo usado para descrever o espaço onde as pessoas se reúnem para debater, associar-se e buscar influenciar a sociedade mais ampla./ No Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o termo sociedade civil inclui toda a gama de organizações formais e informais que estão fora do Estado e do mercado, incluindo movimentos sociais, organizações de envolvimento voluntário, grupos religiosos, ONGs e organizações comunitárias, bem como comunidades e cidadãos agindo de forma individual e coletivamente". //

Oradora MARIANA: Da mesma forma, o envolvimento do ARMY em uma ampla gama de causas sociais e ambientais se enquadra na noção de ativismo, que é "tomar medidas para criar mudanças sociais. / Ativismo significa a defesa ou o apoio ativo de uma causa, como uma questão política ou social", segundo a definição dada pelo "Activist Handbook" (Manual do Ativista)./ Enfim, concluindo essa minha longa fala, percebemos que os avanços na tecnologia e na mídia digital abriram espaços de poder, de influência e de associação para novas configurações de atores, levando a um crescimento significativo da atividade da sociedade civil de forma on-line, possibilitando a criação de redes para além das fronteiras geográficas, sociais e físicas./ E uma dessas redes, assim como a LigaComunarmy e outros coletivos, é justamente o Army Help The Planet.//


Oradora LARI: MARIANA, como falamos lá no comecinho do EP, a política deve ser sim um tema debatido diariamente. / Conhecer como o país, o estado e o município são governados, como são elaboradas nossas leis, como se dá as eleições e como funciona o sistema político brasileiro é o que permite aos cidadãos um voto verdadeiramente consciente, para eleger melhores representantes para trabalharem em prol do bem-estar social é de suma importância./  Então por favor, explique pra gente sobre a política no army e sobre o TIRA O TÍTULO ARMY que foi um projeto incrível que vocês realizaram ano passado.//


Oradora MARIANA: Então LARI, eu começo fazendo uma pergunta para os armys. Amys, já ouviram falar do poema “O Analfabeto Político”, de Bertold Brecht? Nesse famoso texto, o pensador aponta, de uma forma um tanto ousada, os prejuízos que a ignorância política causa ao próprio indivíduo e à sociedade. ​Afinal, quando surge o assunto “política” é muito comum vir um sentimento de “ranço” e aquele velho ditado de que “política não se discute”./ Mas falar de política é extremamente importante! Afinal, a política está presente em nossas vidas, direta ou indiretamente, em todos os momentos do nosso dia. / E justamente em razão da importância que a política tem na vida de todos nós que o AHTP lançou a campanha “Tira o Título ARMY”. Essa ação teve como objetivo trazer a vocês, de forma simplificada, informação e conscientização sobre assuntos relacionados à política, democracia, voto e aspectos práticos para obtenção do título de eleitor.//


Oradora MARIANA: Em resumo, iniciamos essa campanha em abril de 2021 porque identificamos um contexto político delicado em nosso país, com algumas pessoas até questionando o regime democrático. A população, em geral, estava bastante descrente com as instituições e bastante distante das questões relacionadas à política, principalmente a população jovem./ Veja bem, no Brasil, os cidadãos a partir dos dezoito anos são obrigados a votar, é um dever sob pena de algumas sanções administrativas. Mas para os cidadãos entre dezesseis e dezessete anos, o voto é uma faculdade, uma opção, um direito. Dados apontaram o menor nível de registro eleitoral de jovens em trinta anos, na época do início da campanha. / Considerando que em outubro aconteceriam as eleições presidenciais no Brasil, nos do AHTP intensificamos a campanha Tira o Título a partir de janeiro de 2022, incentivando, principalmente, os jovens a se registrarem para votar e fornecendo conhecimento para que os cidadãos exercessem seu voto de forma consciente. Lembrando ainda que nossa campanha foi totalmente apartidária.//


Oradora MARIANA: Assim, em março de 2022, antes e depois da exibição do show do BTS nos cinemas, a AHTP distribuiu quatro mil "títulos army" em sete cidades do Brasil. / O título army é uma versão “fofa” do título de eleitor brasileiro, com informações relacionadas ao BTS e ao ARMY nos campos de dados pessoais. / No verso, colocamos um QR code que redirecionada para o site da nossa campanha, com todo o conteúdo informativo sobre democracia e política, incluindo o link do Tribunal Eleitoral para o tirar o título de eleitor./ Em abril de 2022, em parceria com o coletivo Projetemos, o AHTP realizou projeções da campanha Tira o Título em prédios de 7 capitais das 5 regiões do Brasil. / Nas imagens, utilizamos frases emblemáticas das músicas e discursos dos meninos relacionados a política e importância do voto./ Na projeção em Brasília, nossa capital e onde estão localizados os principais prédios dos três poderes, usamos uma imagem com a frase "speak yourself" e a foto no Nam discursando na ONU em 2018. Na projeção em Porto Alegre, fizemos a projeção com a adaptação para o português de uma frase de Tomorrow "o amanhã continuará vindo e somos jovens demais para desistir…". Na projeção em São Paulo usamos a frase de Vote, música composta pelo Namjoon, que diz "o voto é seu, mas o futuro é nosso".//


Oradora LARI: Essa ação foi realmente algo extraordinário, que ganhou uma repercussão enorme, chegando até nos vingadores! / Falo isso porque para quem não sabe, um dos tweets da AHTP foi compartilhado pelo ator Mark Ruffalo, que interpreta o Hulk, e virou notícia nos principais jornais brasileiros, eu lembro que muita gente compartilhou o tweet né?//


Oradora MARIANA:Sim LARI, foi algo realmente extraordinário. A primeira fase da campanha foi um sucesso, com nossa hashtag sendo a mais utilizada sobre o assunto no país durante o período eleitoral, contribuindo para o recorde de jovens que se registraram para votar em 3 meses / E falei bastante sobre como surgiu e sobre o sucesso da campanha Tira o Título Army justamente para destacar a importância que a organização e mobilização da sociedade civil possui./ Somos um time de 40 voluntárias, todas com suas vidas comuns de estudo e de trabalho, mas que juntas, unindo esforços e trabalhando duro, estamos de alguma forma contribuindo para fazer da nossa sociedade, do nosso país e do planeta um lugar um pouquinho melhor./ A participação e o engajamento político são fundamentais para a construção de uma sociedade democrática, justa e solidária. / A política afeta todas as esferas da nossa vida, desde a educação, a saúde, o trabalho, a cultura, o meio ambiente, até os direitos humanos e a cidadania. / Por isso, é importante que todos os cidadãos sejam ativos e conscientes na escolha dos seus representantes e na fiscalização das suas ações.//


Oradora LARI: E o POLITIZARMY? Conta pra gente sobre a importância dessa campanha e as formas de fazê-la acontecer //

 

Oradora MARIANA: Bom, algo que é muitíssimo importante e que queremos destacar bastante dentro da nossa campanha PolitizArmy, que é o desdobramento da Tira o Título (com a produção de constante de conteúdos de conscientização sobre diversos temas relacionados a política e democracria) é justamente de que política vai muito além do voto nas eleições gerais e municipais, que é um direito e um dever de todos os brasileiros maiores de 18 anos, e acontecem de 4 em quatro anos. Existem muitas outras formas de participação política, por exemplo: 

Participar de movimentos sociais, que são grupos de pessoas que lutam por causas comuns, como a reforma agrária, a igualdade racial, a defesa dos animais, etc./ Participar de sindicatos, que são associações que representam os trabalhadores de uma determinada categoria profissional./ Participar de conselhos, conferências e audiências públicas, que são espaços de diálogo entre o poder público e a sociedade civil, onde se discutem e se decidem políticas públicas para diversas áreas, como saúde, educação, assistência social, etc./ Participar de organizações não governamentais (ONGs), que são entidades sem fins lucrativos que realizam projetos sociais, ambientais, culturais, educacionais, etc./ Participar de iniciativas de democracia direta, como plebiscitos, referendos e iniciativa popular, que são instrumentos que permitem que os cidadãos expressem a sua opinião ou apresentem propostas de lei sobre temas de interesse nacional, estadual ou municipal./ E até mesmo se filiar a um partido político e concorrer a cargos eletivos, porque não? Se queremos políticos diferentes precisamos de novas opções para renovar os ocupantes dos cargos dos nossos poderes executivo e legislativo. Estamos sempre trazendo conteúdo sobre os PLs com temas socioambientais relevantes, informações sobre consultas públicas. Este ano incentivamos a participação na votação para eleição dos conselheiros tutelares. Acompanhem as redes do AHTP para ficarem sempre por dentro.//


Oradora LARI: Gente, essa campanha é incrível e essas são algumas das formas de participação política que existem no Brasil, mas vale lembrar que não são as únicas. / Cada cidadão pode encontrar a sua forma de se envolver e contribuir para a melhoria da sua comunidade, do seu estado e do seu país./ O importante é não ficar indiferente ou alheio aos problemas e às soluções que a política pode oferecer, a participação política é um direito e uma responsabilidade de todos nós./ E falando em participação e união MARIANA, eu gostaria que você falasse pra gente sobre a união do Army para combate ao discurso de ódio e o destilar preconceitos dentro da internet.//


Oradora MARIANA: Então LARI, o discurso de ódio e o preconceito são formas de violência que atentam contra a dignidade, a liberdade e os direitos humanos de pessoas e grupos que são discriminados por sua cor, gênero, orientação sexual, deficiência, origem, religião ou qualquer outra característica. / Acredito que essas formas de violência acabam se tornando ainda mais graves quando ocorrem na internet, pois se propagam rapidamente, atingem um número maior de pessoas e podem gerar consequências graves, como depressão, suicídio, agressão física, etc./ A mobilização para o combate ao discurso de ódio e ao preconceito na internet é fundamental para construir uma sociedade mais justa, democrática e plural, onde todos possam se expressar livremente, sem medo de serem ofendidos, humilhados ou excluídos./ 

E o ARMY precisa ser particularmente consciente disto, quando o Bangtan tem uma música como UGH!, que fala justamente sobre as pessoas que usam da internet para destilar ódio gratuito, causando mal para pessoas sem motivo algum, quando poderiam estar se revoltando com coisas realmente relevantes e usando essa raiva para lutar por uma sociedade melhor./ Além disso, os meninos são embaixadores da campanha ENDviolence, do UNICEF, lembrando que o bullying pode acontecer não apenas de forma física, mas também pelas redes sociais, o chamado cyberbullying.//


Oradora MARIANA: Durante toda a carreira do BTS, o Army sempre uniu forças para combater inúmeras formas de preconceito e xenofobia que os meninos, infelizmente, sofrem em diversas circunstâncias. / Isso é algo que me faz sentir um orgulho enorme do fandom./ No AHTP, sempre provemos conteúdos de conscientização no intuito de somar nossas vozes ao combate aos mais diversos tipos de preconceito e dar voz para as minorias./ Algo que acredito ser bastante importante de salientar é que, além dos discursos de ódio e preconceitos que são proferidos de forma deliberada, o racismo, o machismo, o capacitismo e o orientalismo, etc, são formas de discriminação e opressão que estão presentes em diversas instituições e estruturas da sociedade, como a família, o trabalho, a educação, a mídia, a política, a cultura, etc., que produzem efeitos negativos na vida das pessoas que sofrem com elas, como violência, exclusão, invisibilidade, silenciamento, subalternização, e são muitas vezes reproduzidos sem darmos conta.//




Oradora LARI: É preciso fazer um trabalho de auto educação e autocrítica constante, a gente precisa parar de ter o individualismo, o egocentrismo como base para as coisa. / Não, você não é um alecrim dourado perfeito, eu não sou, estou longe disso mas nós somos fruto dessa sociedade e estamos sujeitos a reproduzir falar e colocações que são erradas, preconceituosas, machistas, capacitistas / Por isso, precisamos fazer o “minha culpa”, reconhecer o nosso erro e não repetir mais / É algo que infelizmente não vamos exterminar de um dia para o outro, mas que se não começarmos agora, a geração dos nossos filhos e sobrinhos vão sofrer ainda mais com isso.//


Oradora JECA: Concordo plenamente com você LARI e é importante ressaltar que o ódio e preconceito contra minorias sociais são o que  perpetuam o domínio de um pequeno grupo, esse que sabemos que é composto por homens, brancos, cis, héteros e ricos,  sob os demais grupos que existem no mundo, fazendo com que esses se mantenham no pedestal enquanto os outros sofrem com os estereótipos negativos, discriminação e exclusão social, além dos danos emocionais e psicológicos./ Por isso que o ponto auge desse podcast foi falar sobre o potencial que o Army tem , nós somos um fandom grande, com muito engajamento e visibilidade, então assim como o BTS, nós também estaremos suscetíveis a tudo por sermos quem somos e pelo que gostamos. / Como a Mari citou, por muitas vezes a tarefa “fã do BTS” esbarra na função de defender os meninos de ataques preconceituosos, mas isso não significa que tenhamos que rebater na mesma moeda.//


Oradora JECA: É importante combater o preconceito promovendo conscientização, justiça e respeito às individualidades e características das outras pessoas / Criar um mundo mais justo e inclusivo para as pessoas ao meu ver só será possível desde que nós, quanto indivíduos, passemos a enxergar como um coletivo, tornando a discussão racial, de gênero, socioambiental, política e econômica algo que afeta a todos nós./ Nos libertamos dos padrões que nos amarram quando passamos a pluralizar nossos gostos, costumes, assim quando passamos a ser e buscar por pessoas, para ter ao nosso redor ou acompanhar nas redes sociais, que genuinamente construam em nós uma nova forma de ver o mundo.//


 

Oradora JECA: O BTS é isso para mim, um grupo que me desperta inquietações e me dá senso de urgência para querer mudar! É transformador e tem grande potencial o que Namjoon, Seokjin, Yoongi, Hoseok, Jimin, Taehyung e Jungkook, que antes de ser o BTS, são pessoas como nós, tem feito para a futura geração./ Eles não nasceram sabendo tudo, obviamente, mas que conforme foram compreendendo o mundo a qual estão inseridos, procuram melhorar esse lugar não somente para eles, mas para todos. / Sermos revolucionários junto ao BTS nos faz promover a diversidade e o amor não somente de forma representativa ou da boca para fora, mas faz com que nos movamos para finalmente podermos ser o que quisermos.//


Oradora MARIANA: Perfeitas colocações JECA./ Armys, devemos lembrar que, além do engajamento nas ações do Army contra preconceitos e discursos de ódio, gostaria de destacar que a mobilização contra isso pode se dar de diversas formas, como:  Denunciar os casos de discurso de ódio e preconceito nas redes sociais, nos sites, nos aplicativos ou nas plataformas que disponibilizam canais de denúncia, como o SaferNet, o Disque 100 ou o Ministério Público Federall./  Educar-se e educar os outros sobre a diversidade humana e o respeito às diferenças, buscando informações confiáveis, críticas e reflexivas sobre temas como racismo, machismo, capacitismo, orientalismo e outros tipos de discriminação./ Apoiar e participar de campanhas, movimentos e organizações que lutam contra o discurso de ódio e o preconceito na internet, como o Black Lives Matter, o Me Too, o Vozes do Silêncio ou o Orientalismo na Mídia./ Dialogar e debater com as pessoas que reproduzem ou são vítimas de discurso de ódio e preconceito na internet, buscando compreender as suas motivações, sentimentos e opiniões, e apresentando argumentos racionais, éticos e empáticos para desconstruir os estereótipos, os preconceitos e as discriminações./ Essas são algumas das formas de mobilização para o combate ao discurso de ódio e ao preconceito na internet, mas não são as únicas. / Cada pessoa pode encontrar a sua forma de se engajar e contribuir para a promoção de uma cultura de paz, tolerância e diversidade na rede. O importante é não se omitir ou se calar diante das injustiças e das violações que ocorrem na internet //


Oradora LARI:  Primeiro, eu preciso agradecer às nossas oradoras porque é surreal a pesquisa e ao trabalho que elas fazem, eu sempre digo em todos os episódios que é incrível o bate papo que o PODARMYS nos proporciona, porque no final de cada episódio saímos com algum conhecimento que não sabíamos antes, alguma curiosidade bacana, algo que não nos atentamos antes e eu estou me incluindo nisso, ta ?  Essa troca é sem igual / Fico de fato feliz, em ver o quão bacana esse projeto se tornou, é um orgulho, sou EXTREMAMENTE GRATA / Sobre o tópico abordado hoje, eu gostaria apenas de reforçar que precisamos nos politizar cada vez mais e que isso vai além de partido A, B ou C, é uma questão de reconhecer os nossos direitos  e ir atrás de fazer nossas vozes serem escutadas porque temos voz, mas somos silenciados, o sistema se aproveita de nós porque eles colocam na nossa mente que somos a minoria quando na verdade somos uma maioria que resiste e persiste /  Agradeço também ao BTS pela coragem em colocar a cara para falar sobre política, sobre questões sociais, sobre os desafios que nos enfrentamos e que ainda iremos enfrentar, porque o caminho é longo mas não somos a geração perdida / Vamos reconhecer nossos erros, vamos melhorar nossas ideias e concepções, não somos perfeitos, somos seres humanos e podemos evoluir ou retroceder, querendo ou não uma parte da escolha depende de nós /  Bom , agora vou abrir espaço para as oradoras de hoje se despedirem de vocês e ouvintes não saiam daí, pois preciso dar um aviso muito importante // 


ESPAÇO PARA AGRADECIMENTO E DESPEDIDA DA ORADORAS

ORDEM DE DESPEDIDA: YRIS, JECA, MARIANA


FALA FINAL: Armys, um assunto sério que eu preciso comunicar a vocês, após uma longa conversa com a diretoria do programa, foi decidido que este é meu último episódio do PODARMYS com vocês neste ano (pausa dramática) , porque agora só ano que vem !/ Ah, vocês pensaram que ia se livrar de mim, né ? Mas não vão, o que acontece é que o PODARMYS vai entrar em período bem curtinho de férias e ano que vem voltamos com tudo, então nos esperem e aproveitam para ouvir nosso programas gravados, vem muita novidade por ai / Obrigada, mais uma vez, pela call de hoje eu agradeço cada um dos oradores e todos que participaram como ouvinte, vocês são incríveis / Não se esqueçam de ouvir os trabalhos do grupo e também os individuais, afinal o BTS é um todo de SETE / Principalmente, depois da última publicação do nosso tão temido HELLO IS BIG HIT, os quatro que faltavam JIMIN, TAEHYUNG, JUNGKOOK e o NAMJOON deram entrada nos seus processos militares, então consumir o conteúdo do BTS é uma forma de ter eles conosco / Dar stream em nossos favoritos não é obrigação é prazer, ouvir e sentir o que eles têm a nos dizer é extremamente prazeroso / Bom, esse é o meu momento influencer do PODARMYS, ou seja, compartilhem a call, favoritem e indiquem para mais armys / Quero lembrar novamente que o pod é um lugar para você se sentir bem, de conforto e encontro./ Então se você tiver alguma sugestão ou gostaria de que algum tema fosse abordado, ou simplesmente gostaria de ser ouvida, pode enviar mensagem na nossa DM, sinta-se em casa!/ O pod foi feito de army para army e vocês sempre serão bem vindos / Nos vemos na próxima call no ano que vem //

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