ROTEIRO "POD_ARMYS" — PROGRAMA N° 28: MAP OF THE SOUL: PERSONA & 7
- podarmys
- 5 de dez. de 2024
- 66 min de leitura
Host: Larissa
Co-Host: Karen
Oradora 1: Mands
Oradora 2: Amanda
Oradora 3: Sara
Anfitrião: PODARMYS
Convidados: Wings BTS Brazil, Efeito BTS, Gogo Armys e Army For Youth
Roteiristas: Yris Soares, Mari Padilha e Larissa Gralha
Oradora LARI: Para quem está conosco “ao vivo”, muito boa noite! E para você que está nos acompanhando no Spotify, bom dia, boa tarde, boa noite e se você é um ouvinte da madrugada, desejo a você uma boa madrugada/ Para quem ainda não me conhece, Eu sou a Larissa e serei a mediadora deste episódio, ou seja, vou conduzir vocês nesse mundinho que é o POD_ARMYS./ E antes de mais nada, eu gostaria de agradecer vocês por nos apoiarem nesse projeto lindo, que é o POD_ARMYS! //
Oradora LARI: E gente.. antes de mais nada eu preciso gritar “ JUNG HOSEOK IS BACK”!! O nosso Sol está de volta e creio que todos estejam felizes, principalmente nossas j-hope utteds!/ Brincadeiras a parte, creio que muitos dos nossos ouvintes devem ter pensado “ já foram dois, que venham mais 5”. E o nosso coração fica quentinho por saber que logo,logo os 7 estarão juntos novamente!//
Oradora LARI: E bom, hoje nós temos mais um EP ERAS, aquele EP que é um dos mais esperados tanto para quem nos ouve, quanto para a equipe que produz o EP! É um momento que aquelas que são armys há anos, ficam com uma mistura de orgulho, nostalgia e amor por recapitular mais uma importante etapa na carreira dos meninos./ E para nossas baby armys que chegaram agora, é como se vocês abrissem uma caixinha de surpresa onde só tem coisas boas./ E como diria um dos mais influentes psiquiatras e psicólogos do século XX, Carl Jung, “A alma tem o poder de curar todas as doenças. Ela não é algo que se possui, mas algo em que se vive.”/ E quem aqui não gostaria de entender mais sobre a sua alma? Ou melhor, ter um MAPA DA SUA ALMA? Acho que por essa deixa vocês já devem saber de qual álbum a gente vai falar hoje né?/ No episódio de hoje vamos falar sobre os álbuns Map of the Soul: Persona e Map of the Soul: 7, esses que marcaram um ponto crucial na carreira do BTS e construíram uma conexão profunda com seus fãs. / E quem estará ao meu lado nesse episódio para lá de especial é: a MANDS DA WINGS BRASIL, a KAREN que está REPRESENTANDO O POD_ARMYS E A GOGO ARMYS, a SARA DA ARMY FOR YOUTH e a LUNNA DA BTS ANSWER BR que está representado a EFEITO BTS./ E para começarmos, eu convido a MANDS, para contar para gente um pouco mais sobre a ERA e seu propósito. Seja bem vinda meu bem!//
Oradora MANDS: Boa noite LARI! Boa noite armys oradoras e ouvintes, é um prazer estar no POD./ Acho que todos vão concordar comigo que, quando nós queremos impactar alguém ao fazer um discurso, nós colocamos uma frase de efeito no início e no final, e foi exatamente isso que o BTS fez com a era de Love Yourself. Mas, depois de impactar a todos com seu grande e importantíssimo discurso, todos vão esperar que você volte com um discurso ainda mais impactante./ Foi isso que RM disse no Behind de Map Of The Soul: Persona. Ele conta que as pessoas diziam "Então que tipo de grande mensagem você vai dar depois de Love Yourself?" e nessa mesma live RM disse "Devo dizer algo mais grandioso? O que somos? Eu nem mesmo sou algo. Sou apenas um pequeno artista que canta e escreve letras diligentemente na Coreia do Sul"./ E foi com esse pensamento que ele decidiu que era hora de entre muitas aspas "voltar" e falar de coisas pequenas agora. Então eles voltaram para o fundo de seus corações e nos contaram através do álbum que "a verdadeira força e o amor vêm de encontrar alegria nas pequenas coisas da vida e alcançar o mundo" — como fala no site oficial dos meninos.//
Oradora MANDS: Porém, contudo, entretanto, todavia, se engana quem pensou que só porque eles queriam falar disso agora eles tinham planos pequenos para essa era. Na verdade, como diriam os ARMYS FBI's, "eles já tinham tudo planejado" pois após esse álbum veio o Map Of The Soul: 7 — um álbum que como o próprio RM diz todas as respostas para todas as perguntas que já fizemos para eles estão nesse álbum, tal qual como cresceram, o que eles pensam e o que eles acabam pensando no final.//
Oradora MANDS: O MOTS: 7 nasceu com a ideia de que sete pessoas estavam no mesmo barco, mesmo que olhassem para lugares diferentes, estavam no mesmo lugar, sentindo que estão em um mesmo barco./ O propósito dessas eras é mostrar a jornada de descoberta do verdadeiro eu dos meninos e elas são encerradas com um álbum que se volta para a sombra interior em um reconhecimento sincero de que ela também é parte do eu deles./ Além disso, assim como nas dedicatórias desses álbuns tem um sincero agradecimento dos meninos ao ARMY, nelas eles também falam que sem a gente, trabalhar não teria sentido, que nós demos a eles razão para viver e tudo mais./ E, isso me lembra que o RM fala que a persona na verdade somos nós, o ARMY, que o Bangtan é igual ao ARMY e o ARMY é igual ao BTS. Então, podemos levar que o propósito maior dessa era e de todas as outras é sempre "nós".//
Oradora LARI: É MANDS, os MOTS são de uma genialidade que parece que eles estavam morando nos meus pensamentos, ou diria na minha alma? A forma como cada um dos meninos teve o entendimento, a pureza e o talento de produzir esses álbuns, não tinha como eles não saírem perfeitos./ E precisamos sempre ressaltar o quão os meninos são perspicazes e atentos aos temas que englobam todos, tudo e ainda assim o individual. / Todos nós já pensamos em quem nós somos,o que seria a nossa alma, ou seja, este é um assunto global mas ainda sim individual pois somos seres individuais./ Bom, precisamos falar dela, daquela que virou tatuagem em muitos armys e em até gente que não era fã. E eu to falando da identidade visual dessa ERA. E quem conta mais sobre ela é a nossa querida KAREN.//
Oradora KAREN: Então gente, o “Map of the Soul” é a duologia do BTS que trata-se de uma jornada do descobrimento pessoal. Esta, que era para ser uma trilogia com os álbuns “Persona”, “Soul” e “Ego” mas que, por opção dos membros, tornou-se duologia devido a uma pausa solicitada pelos próprios meninos na época, devido à agenda lotada./ Composta pelos álbuns “Persona” e “7”, é uma era majoritariamente baseada no livro “Jung’s Map of the Soul” de Murray Stein./ Este livro trata, de forma concisa e clara sobre a psicologia de Carl Jung, que trata conceitos fundamentais da psique humana, sendo eles: Persona: máscara social, a face apresentada ao mundo; Ego: centro da consciência, aquilo que realmente somos; Sombra: o lado oculto de nós, aquilo que reprime-se ou nega./ Tendo esses conceitos em mente, podemos notar que os mesmos estão presentes dentro da duologia como músicas.
Oradora KAREN: Introduzido com “Persona”, Namjoon inicia a era retomando Skool Luv Affair, utilizando a mesma intro que do álbum referenciado, porém partindo da ideia inicial de “desejar amor recíproco” para o papel de proporcionar amor ao mundo./ A identidade do álbum constroi-se em cima dessa ideia de proporcionar amor ao ARMY e inicia uma jornada de descobrimento pessoal dos próprios meninos, tanto como pessoas quanto como artistas./ Baseado nisso, o CFC - Content Form Context que é a equipe responsável pelos materiais da era entrou complementando a ideia desse amor e mapeamento da própria alma majoritariamente com a cor rosa em 4 diferentes tons. / As capas do álbum representam de forma delicada a metáfora de um mapa, ao mesmo tempo que este é acompanhado pelo coração, representando o amor no meio dessa jornada.
Oradora KAREN: Map of the Soul: 7 fecha a duologia que iniciou-se como “busca pelo eu” com “respeito”, como Namjoon mesmo cita no livro oficial ”Beyond the Story”. O álbum traz 7 canções que remetem à busca individual do eu de cada membro, sendo Persona, Moon, Shadow, Ego, Filter, Inner Child e My Time, sendo Persona, Ego e Shadow músicas com tom de discernimento quando se trata do pensamento acerca do autodescobrimento./ Black Swan aparece de forma a reunir os membros e colocá-los para pensar sobre “o que é ser artista”. Ele também une os membros que, apesar de terem visões tão diferentes entre si, ainda escolhem conectar-se em todas as suas desconexões./ Visando isso, o Sparks Edition que é equipe de design responsável por esta era traz um olhar apurado sobre a sobreposição de todas as histórias tão diferentes dos membros, mas que, ainda assim, faziam sentido entre si./
Oradora KAREN: A equipe decidiu que cada membro deveria desenhar um estilo do número 7 para que fossem sobrepostos. Com isso, nota-se mais uma vez a harmonia entre os membros. Respeitando a identidade do álbum anterior, a metáfora do mapa da alma é mantida, porém o coração é trocado para o 7 sobreposto, que indica que vai para além do amor e indo para o interior de cada membro e suas conexões entre si./ Cada 7 representa um conjunto de características, sendo:Versão 01: vulnerabilidade e inocência; Versão 02: sombras dos membros, segundo Jung; Versão 03: força e senso de dever; Versão 04: harmonia, união e ego, segundo Jung./ Ao notarmos as principais características que cada 7 representa, podemos notar que estas contam a história dos meninos./ Os meninos que surgiram do nada com ambição e, após muito esforço, conseguiram o estrelato e se viram com medo perante este. Perceberam tudo de bom que puderam fazer para o mundo e, com isso, escolheram-se inúmeras vezes, pois essa é a essência (ou ego, nesse contexto) do BTS.//
Oradora KAREN: Map of the Soul é, definitivamente, tão genial e bem pensado quanto todos os outros trabalhos dos meninos. Inicia evidenciando a importância do ARMY em suas vidas e o quanto eles são gratos e esforçam-se em prol de nós e transitam entre questionamentos que os levam a entender tanto a si mesmos quanto às suas relações dentro do grupo e todo o valor que agregam ao mundo e tudo aquilo que representam. A história de tudo isso é contada de maneira magistral no design bem pensado da duologia, contando uma história tão extensa em 4 atos, como ocorre no caso das capas dos álbuns de MOTS: 7. /Em síntese, a mensagem de Carl Jung é passada de forma leve e descomplicada em toda a duologia, frisando ainda mais a união dos membros e todos os momentos bons e ruins que eles passam entre si e juntos a nós./ Map of the Soul é mais que uma duologia, é uma mensagem que mostra que, dentre tantas escolhas possíveis, eles sempre escolhem o ARMY enquanto escolhem a si mesmos, encontrando equilíbrios perfeitos no meio de problemas que apenas parecem ser impossíveis, mas afinal, nada é impossível quando se trata da união do ARMY e do BTS.//
Oradora LARI: Karen, vou ser sincera, estava tão interessante e tão bom te ouvir falar que eu não tive coragem de te interromper para acrescentar nada minha humilde opinião, parecia até um crime te interromper. / É por isso que eu amo o PodArmys, a gente sempre termina o episódio aprendendo algo novo, descobrindo coisas curiosidades bacanas./ E assim, muitas coisas do que você falou me trouxe outra visão sobre essa Era, sou suspeita para falar dela porque até juntar meus humildes trocados e comprar um Map Of The Soul: 7 eu juntei e comprei. / Mas algo essencial que você citou é que nada é impossível quando se trata da união do ARMY e do BTS e eu concordo, principalmente nesses tempos difíceis de ataques e fakes news que os meninos estão enfrentando e precisamos estar aqui por eles, seja denunciando, votando, dando stream, enviando email, óbvio que tudo conforme nossa rotina permite, o importante é não soltar a mão dos meninos pois eles nunca soltaram as nossas mãos. / E bom gente, é aquilo né? Eles são artistas completos! Não tem jeito!/ E além de toda essa identidade visual PERFEITA, a gente tem que falar do conteúdo, das obras primas que são as músicas que compõem esses álbuns./ E quem vai dar uma AULA pra gente sobre as músicas que forma os MOTS é a Lunna, lembrando ouvintes, hoje a LUNNA está representando a EFEITO BTS, ou seja, os dados e curiosidades que serão apresentadas agora foram enviados para nós pela EFEITO BTS, a ADM deles teve um imprevisto e não pode comparecer! Lunna, seja bem vinda meu bem!//
Oradora LUNNA: Então LARI, antes de mais nada, é importante a gente já marcar 2 pontos: Primeiro, que tudo o que será dito daqui para frente, enquanto vamos caminhando pelas letras da era MOTS, parte da discussão do livro “Jung - O Mapa da Alma”, do autor Murray Stein; as participações do Dr. Murray Stein em alguns episódios de um podcast chamado “Speaking of Jung”, ou seja, “Falando sobre Jung”, disponível em inglês no Spotify; e também estudos e outras leituras ao longo dos últimos anos a partir da chamada Psicologia Analítica – afinal eu, particularmente, sou estudante de Psicologia./ E o segundo ponto é que não vamos nos aprofundar completamente em todas as letras porque são muitas músicas nessa era, né? Mas vamos propor um passeio geral por todas elas, de modo que dê pra entender não apenas cada uma isoladamente, mas como todas elas conversam entre si também. Pois sinceramente, cada letra de MOTS daria um episódio bem longo.//
Oradora LUNNA: Bom, vamos lá. Especialmente se você for Baby ARMY, dando seus primeiros passos em direção a conhecer o que o BTS trilhou e construiu até aqui, talvez você já tenha se perguntado: “Socorro, o que que é esse bendito mapa da alma que eles tanto falam? Não tô entendendo é nada dessas letras, são bonitas, mas não tô entendendo!”. Muita calma porque o nosso objetivo é ajudar exatamente nisso hoje!/ Sem dúvida, essa sequência de álbuns da era MOTS, assim como as anteriores, é composta por músicas incríveis, com uma variedade impressionante de ritmos e emoções que realmente deixou a indústria e a gente de queixo caído.//
Oradora LUNNA: Mas, para nós olharmos para as letras da era MOTS, lá vai aquele segredo: quando se trata de BTS, nós podemos e devemos sempre ir mais fundo. Por que? Porque a existência do BTS em si desafia as nossas lógicas de semiótica./ Só pra contextualizar um pouquinho essa reflexão pra gente começar o nosso passeio pelas letras, semiótica é um campo de estudo que se aplica em decifrar como acontece a significação e a representação na comunicação humana./ E aí, quando a gente observa as artes, culturas e, principalmente, as formas de entretenimento que nos rodeiam nos dias atuais, sobretudo no Ocidente, não é difícil perceber como geralmente estamos expostos a uma excessiva simplificação da semiótica e a expressões superficiais, que carregam maior preocupação com as medidas de “sucesso” do mercado e com a manutenção de padrões e valores estáticos.//
Oradora AMANDA: Mas, de tempos em tempos, há artistas que surgem não apenas para abalar as estruturas da indústria musical, mas acima de tudo para construir significados tão profundos e complexos a partir das suas produções que são capazes de chacoalhar uma geração por completo e despertar transformações imensuráveis, sejam coletivas ou individuais./ E o BTS é um desses casos. Através da sua multiplicidade de expressões artísticas — canto, dança, iconografia, atuação, literatura, jogos, entre muitos outros — e, principalmente, por meio das bases filosóficas, psicológicas, históricas, mitológicas, culturais que se unem como alicerce dos seus trabalhos, o grupo nos abre as portas da imaginação, da sensibilidade e da intelectualidade para que seja possível construir significados que fogem ao superficial e nos levam às profundezas da vida, do mundo e de nós mesmos.//
Oradora LARI: Amanda, eu costumo dizer que cada artista pode fazer sua arte da forma que bem entender, obviamente sem ofender ou ferir as pessoas./ Enfim, cada um é livre para entregar aquilo que acredita ser o melhor naquele momento e até mesmo em muitos casos o que a gravadora ali vai permitir ser entregue ao público, mas creio que um trabalho elaborado, com uma pesquisa bem feita, referências que completam a obra como um todo e claro muito talento, nos marca e muito tanto como fãs quanto como consumidores daquela arte em si. / E o BTS têm isso, né ? Eles pesquisam, aprendem, se reinventam e inventam, tudo com muita excelência, maestria, carinho e talento, eles amam o que fazem e nós amamos o que eles fazem. / Mas, me perdoe a interrupção e pode continuar. //
Oradora LUNNA: Então, após o desenrolar da era “Love Yourself”, o BTS atingiu um ponto determinante para avançar rumo a um amadurecimento mais complexo e intenso e, assim, chegamos a “Map of the Soul”./ Pra começo de conversa, “Map of the Soul” ou "Jung - O Mapa da Alma" é, na verdade, também o nome de um livro publicado originalmente em 1998 pelo Dr. Murray Stein. Nessa obra, o autor vai detalhar, da forma mais simples e didática possível, as teorias de um dos maiores nomes do campo da Psicologia: Carl Jung (sim, se escreve Jung, mas se lê “Yung”), que é basicamente o pai da chamada Psicologia Analítica./ Stein disse sobre Jung em seu livro que: "Enquanto cientistas e astronautas exploravam e faziam um mapa do universo físico, Carl Jung e os psicólogos analíticos que seguiram seu trabalho começaram a traçar um mapa do mundo interior da psique humana.” Desse modo, são os processos e elementos desse mar de mistérios da psique humana, apresentados por esses teóricos, que passaram a dar vida ao que representa “Map of the Soul” também no BTS e nas letras desses álbuns que vamos olhar hoje.//
Oradora LUNNA: Como disse no início, o nosso objetivo aqui é te apresentar, de uma forma simples e resumida, esse universo da Psicologia e as reflexões que o grupo explorou, álbum a álbum e música a música./ E tem uma frase trazida pelo Dr. Stein no capítulo introdutório do seu livro a respeito do que seria esse mapa que a gente vai começar a explorar e que, talvez, seja essencial para não apenas entendermos, mas permitirmos que esse processo de mergulho nas letras também nos transforme - assim como pareceu ter transformado o próprio BTS./ Stein disse, então, que o mapa da alma “É um mapa que descreve a psique [a mente] em todas as suas dimensões, e também procura explicar a sua dinâmica interna. É o mapa de um mistério que não pode, em última instância, ser captado em termos e categorias racionais. É o mapa de uma coisa viva, palpitante, mercurial — a psique”. É nesse mistério e em como ele se dá nas nossas experiências que vamos começar a mergulhar na era MOTS.//
Oradora LARI: LUNNA, que incrível todos esses detalhes que a BTS EFEITOS pesquisou, hein ? Uma pena a adm deles não poder comparecer aqui no ao vivo, mas creio que os nossos ouvintes também estão super empolgados com essas informações. / Gente, o episódio ainda está no início mas já tivemos a honra de ouvir várias informações incríveis de diversos oradores, bom demais. / E caramba, como é bom escutar esses álbuns e saber sobre cada passo a passo e a inserção que a psicologia teve nessa Era./ E pra gente começar com as músicas, vamos com ela, com INTRO: PERSONA, que foi a responsável por dar o pontapé inicial nessa ERA né ?//
Oradora LUNNA: É LARI, se fosse para responder a pergunta “como “Map of the Soul” começou?” Seria justamente com o comeback trailer dessa música, “Intro: Persona”./ Ele é um vídeo bastante dinâmico, tanto pela atitude do Namjoon quanto pelas palavras que estão sendo cantadas ou pelos cenários. E um dos pontos mais marcantes, talvez, seja a lousa que aparece ao fundo com dezenas de palavras e frases e TODAS são referentes às teorias do Carl Jung./ “Persona”, “Ego”, “Shadow” tem ali maior destaque, mas também vemos frases como “I am not what happened to me, I am what I choose to become.” ("Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolho me tornar"), do próprio Jung.//
Oradora LUNNA: Além disso, a letra dessa música é absolutamente BRILHANTE e nítida acerca da mensagem que deseja passar. A gente pode ver alguns exemplos nos versos: “ ‘Quem sou eu?’, uma pergunta que tenho feito a mim mesmo durante toda a minha vida” // “O mundo, na verdade, não está interessado no meu jeito desajeitado” // “Então, eu estou perguntando mais uma vez, quem diabos sou eu? Diga-me todos os seus nomes, baby” // “O ‘eu’ que criei por mim mesmo para falar o que penso. Sim, posso estar me enganando, posso estar mentindo, mas, eu não tenho vergonha disso, este é o mapa da minha alma”//
Oradora LARI: LUNNA, um ponto muito bacana que eu li quando recebemos o material da EFEITO BTS, foi justamente o tema geral de INTRO: PERSONA. / Porque assim, faz todo sentido que ela seja, podemos dizer assim, a música de abertura do albúm. //
Oradora LUNNA: Então Lari, o tema geral aqui nessa letra é a PERSONA, uma das estruturas da psique humana segundo a teoria de Jung. A persona seria “um nome inspirado pelo termo romano para designar a máscara de um ator. É o rosto que usamos para o encontro com o mundo social que nos cerca.” (STEIN, 2006, p. 98) / Além disso, “a persona é a pessoa que passamos a ser em resultado dos processos de aculturação, educação e adaptação aos nossos meios físico e social.” (STEIN, 2006, p. 101) Por isso, “a persona é um complexo funcional cuja tarefa consiste tanto em esconder quanto em revelar pensamentos e sentimentos conscientes de um indivíduo para outros.” (STEIN, 2006, p. 101)/ Resumindo de forma mais simples, no plano psicológico, a persona é como nós nos apresentamos diante das pessoas e do mundo em diferentes circunstâncias. Por exemplo, a forma como agimos com nossos pais não é a mesma forma como agimos com nossos amigos ou nosso chefe no trabalho./ Esse processo é natural e faz parte da convivência humana. Porém, segundo Jung e Stein, o problema estaria em quando a nossa personalidade acaba caindo em uma identificação total com essa persona, ou seja, seria como assumir e vestir uma máscara e se esquecer do que ou de quem existe por trás dela.//
Oradora LUNNA: Assim, tanto no vídeo, como na música, como na própria carreira do grupo que acompanhamos, sabemos que existe o RM e o Namjoon — bem como acontece para todos os integrantes. Por isso, essa primeira faixa já vem para levantar esse conflito existente diante dos meninos: as suas personas. E, ao mesmo tempo, pretende provocar uma reflexão sobre as nossas. “Persona, who the hell am I?”/ Por fim, ainda sobre “Intro: Persona”, o Dr. Stein ressalta, no episódio 44 do podcast que citamos no começo, que Namjoon questiona “Where’s your soul?” ("Onde está a sua alma?") em meio à letra da canção. Esse é um aspecto particularmente interessante e importante porque Carl Jung escreveu um livro ao longo de sua vida ao qual chamou de “Red Book” (Livro Vermelho)./ Nesse livro, ele retrata a sua jornada pessoal de desenvolvimento psicológico, mas a forma como esse livro se inicia é o ponto em questão aqui: Jung começa dizendo que se viu em um deserto e lá ele chamou: “Onde está a minha alma? Onde está a minha alma?” — como Namjoon também pergunta. Ele relata que repetiu esse chamado até ouvir uma resposta vinda de uma voz, uma voz de uma figura feminina com quem ele começa um diálogo: essa figura é a alma em si.//
Oradora LARI: Devo dizer que concordo com esse ponto de que assumimos personas para cada área de nossa vida, sabe ? E isso não quer dizer que somos falsos com os outros ou desleais consigo mesmos, mas de fato vamos ter comportamentos diferentes em diversas áreas e conexões. / Obviamente que como quase tudo em excesso faz mal, nós podemos nos sobrecarregar e nos perder no conceito de quem nós realmente somos, mas vou falar para vocês entender quem nós somos é difícil hein e eu me questiono e questiono vocês também, existe uma resposta para quem nós realmente somos ? Mas a vida é isso, a gente vive buscando respostas, seja dos outros ou dentro de nós mesmos. / Bom, gente passa agora para a nossa segunda música do álbum, aquela música que vem com um “oh my my my ”, que gruda na nossa alma! A iconica “Boy With Luv”.//
Oradora LUNNA: A segunda música, tanto do álbum “Persona” como do álbum “7” — é “Boy With Luv”. Nessa faixa, segundo a interpretação do Dr. Stein, é como se houvesse surgido uma resposta, como Jung teve em seu relato. Uma resposta da alma, representada e projetada nessa figura feminina, o que nos revela também o papel fundamental da cantora Halsey tanto para a música como para o MV./ Essa ‘resposta’ ao se questionar onde está a própria, despertaria uma celebração do poder transformador do amor sobre a vida e nos leva a apreciar as pequenas coisas dos processos que vivenciamos diariamente — como muito bem indica o nome original em coreano inclusive, isto é, “Um poema para pequenas coisas”.//
Oradora LUNNA: Para além disso, ao ver o título “Boy With Luv”, é impossível não se lembrar de uma música do álbum “Skool Luv Affair” (2014), “Boy In Luv”./ Stein também pontua o uso muito cuidadoso e específico das palavras WITH (COM), Boy WITH luv, em contraste com o IN (EM). Quando se está ‘IN LUV’ com alguém, apaixonados, estamos basicamente possuídos por uma emoção e uma projeção que colocamos sobre a outra pessoa também. É aquele amor jovem e descontrolado do qual o nosso ego se torna escravo./ Por outro lado, quando se está ‘WITH LUV’, COM o amor, estamos muito mais no controle da situação e dessa emoção, o que é um claro sinal de um ego ou uma personalidade com uma postura mais madura. Então, é por isso que a letra de “Boy with luv” nos diz que “O amor não é nada mais forte / Do que um menino COM amor”.//
Oradora LARI: É, de fato, nossa, caramba, O BTS É BRILHANTE./ Imaginem o quão talentoso, disposto e entregue a arte você precisa ser para pensar nesses jogos de palavras que eles sempre nos trazem em suas canções, os meninos realmente se dedicam para entregar um conteúdo coeso e de boa qualidade. / Sei lá, acho que meu sonho de consumo era ficar acompanhando em tempo real todo processo de produção de cada um deles, eu sei que vemos um pouco disso em seus documentários porém imaginem que sensação incrível poder acompanhar pessoalmente. / Agora partimos para ela, a belíssima MIKROKOSMOS !//
Oradora LUNNA: Mikrokosmos é a terceira faixa do álbum “Map of the Soul: Persona”. E me digam quem consegue assistir um vídeo do BTS ou BTS e ARMY cantando juntos essa música e não se emocionar nem um pouquinho? É Difícil né?... Ela carrega, basicamente, um entendimento bastante antigo que é: cada ser humano é um microcosmo que reflete o macrocosmo — sendo esse último o universo, a totalidade de todas as coisas, inclusive de nós./ Assim, o “mikrokosmos” é esse nosso mundo interior. / Dr. Stein, também no episódio 44 do podcast, fala a respeito de um sonho que Jung vivenciou: ele sonhou que tinha visto uma estrela refletida na água e compreendeu daquilo que, na verdade, ele era a estrela ou microcosmo, refletida na água ou macrocosmo.//
Oradora LUNNA: Essa percepção de que nós temos um mundo interior consistente com a totalidade do mundo exterior é essencial, sobretudo quando estamos falando do tópico da persona, porque, quando estamos presos à ela, dependemos das outras pessoas refletindo ou aprovando o nosso valor e não temos uma percepção de nós mesmos para além daquilo que os outros nos fornecem./ Mas, com a percepção e a aproximação desse mundo interior, nós adquirimos um senso de valor que vem de dentro de nós mesmos. E aí a gente pode olhar para esse trecho da letra que diz: “Nós brilhamos da nossa própria maneira / Brilhe, sonhe, sorria / Oh, vamos iluminar a noite / Nós brilhamos apenas por quem somos"./ A gente compreende a letra de “Mikrokosmos”, então, como uma expressão da personalidade se tornando livre ou pelo menos não tão apegada à persona, da identificação com a persona. Cada um de nós é um indivíduo total, mas estamos todos conectados uns aos outros. Somos mais de 7 bilhões de seres humanos – ou estrelas, sendo parte de um todo e o nosso destino, nos tornamos nós mesmos. Essa é a grande descoberta e ruptura colocada em “Mikrokosmos”.//
Oradora LARI: Lunna, eu me lembro que em alguns episódios a gente comentou justamente sobre esse ponto de como somos seres individuais mas que ainda nos conectamos uns com os outros e criamos ligações que podem moldar uma parte do que somos, ligações essas que se formam seja por destino ou qualquer coisa que a pessoa em questão acredite e agora isso foi abordado novamente, eu não vou conseguir falar em termos técnicos ou com palavras tão bonitas sobre essa análise, mas quero deixar registrado que concordo./ Cada um dos meninos tem sua individualidade, obviamente, como conseguimos ver que juntos eles também formam uma coisa única, por exemplo. / Prosseguindo, porque ainda tem bastante conteúdo, vamos falar sobre MAKE IT RIGHT!//
Oradora LUNNA: È LARI, a música seguinte é “Make It Right” e o MV dessa música, que também certamente será mencionado mais a frente, é particularmente interessante. É, na maior parte do tempo, uma animação retratando a jornada de um rapaz que passa por cenários e circunstâncias desafiadoras e difíceis, mas que prossegue devido ao apoio e à existência, uma vez mais, dessa figura feminina./ É claro que “Make It Right” se destina ao ARMY, que tem sido um apoio ao BTS por meio de tudo o que já enfrentaram. Além disso, tanto a letra como o MV carregam muitas referências a uma obra chamada “The Hero’s Journey” (A Jornada do Herói), do Josh Campbell — também muito recorrente em relação ao BTS Universe./ Mas analisando a música e o vídeo sob a psicologia analítica jungiana, o personagem está passando por um momento de luta e angústia em meio à sua jornada, no caso, a jornada para o seu interior, se voltando para a sua alma. A gente pode ver isso, por exemplo, nos versos: “Eu precisava encontrar isso / Todo dia, toda noite, por desertos e oceanos / O imenso, imenso mundo”. Por isso, aparece a figura feminina.//
Oradora LUNNA: Um comentário tecido pelo Dr. Stein no mesmo episódio do podcast pode ser relevante aqui. Quando ele disse que descobrimos nós mesmos também em outros e através de outros. Em outras palavras, nós descobrimos a nossa alma também em outros e através de outros. Por isso, o que é interior e o que é exterior acabam meio misturados e conectados — como vemos, por exemplo, na animação, na qual a figura feminina está, ao mesmo tempo, fora do personagem, ou seja,representando ARMYs, por exemplo e dentro dele, sobre ele, como quando ela se transforma numa capa para protegê-lo. “Eu, que me tornei um herói neste mundo / Os grandes aplausos buscam por mim e, em minha mão, troféus e um microfone dourado, todo dia e em qualquer lugar / Mas TUDO é para que eu alcance você, que é a resposta para a minha jornada”. Seja ARMY ou alma, ambos são a resposta da jornada. Assim, fica muito claro como “Make It Right” é uma música fascinante sobre essa jornada na qual podemos embarcar pela psique e, por isso, Namjoon diz também em um de seus versos: “Me deixe abrir agora esse mapa, esse mapa que é você". Então, estamos prosseguindo para desvendar o mapa de um território inacreditável: a alma.//
Oradora LARI: Então, eu sempre falo alguma coisinha no fim dessas pequenas explicações sobre casa música para que vocês ouvintes e eu, possamos absorver as informações e também para que as nossas oradoras possam beber uma aguinha e hidratar a garganta, mas eu confesso nada do que eu falasse agora poderia deixar essa análise melhor do que ela já está, que conteúdo fantástico./ Os meninos são BRILHANTES e não posso deixar de agradecer esse amor imenso que eles tem por nós, bendito seja o dia que eu me tornei Army, foi a melhor escolha da minha vida. / Bom, o BTS é a nossa casa né, gente? Por isso, vamos falar de HOME.//
Oradora LUNNA: “Home” é o tipo de música que você deve ouvir nos dias em que precisar de uma animada no astral, sabe? Para se sentir alegre e confortável… Essa parece ser uma boa descrição da sensação que “Home” traz./ Sobre essa música, Dr. Stein comentou que achou interessante também a escolha do termo “MI CASA” pro refrão, em espanhol, na letra. Eles poderiam ter utilizado outras opções como “my home”, “my house”, “my place” ou até mesmo um equivalente em coreano. Mas, “mi casa” traz, sem dúvida, uma ideia de maior intimidade, de aconchego. Assim, muito além de estabelecer um lugar que seja o lar deles, os meninos cantam sobre alguém que é o lar deles, no caso, novamente, estão se referindo ao ARMY. O lar do BTS é o ARMY e vice-versa.//
Oradora LUNNA: Por outro lado, em vários versos, o grupo traz uma ideia de ‘retorno’, como quando eles cantam “A porta que eu saio porque eu tenho um lugar para retornar mesmo que eu parta agora". Isso pode estar relacionado tanto à proposta da jornada do herói, como comentaremos mais a frente, como também à jornada interior, quando, às vezes, precisamos nos afastar de algumas coisas, lugares ou pessoas enquanto navegamos em “áreas desconhecidas” para conhecermos mais profundamente a nós mesmos./ E é claro que a noção do ‘retorno’ também diz muito respeito à carreira dos meninos e à forma como, muitas vezes, eles precisam se afastar dos seus lares na Coreia para estarem rodando pelo mundo em sua jornada como BTS. Porém, eles sabem que, ao fim de cada etapa dessa jornada, poderão retornar para a sua casa./ E um fato divertido: a cidade onde os membros vivem atualmente é Seul, a capital da Coreia do Sul, e a pronúncia do nome da cidade, tanto em coreano como em inglês, é exatamente igual à da palavra ‘SOUL’, que significa alma. Ou seja, eles também retornam a Seoul, à alma. Coincidência não acham?//
Oradora LARI: Olha, quando se trata do BTS eu já nem sei mais o que é coincidência, destino, a caso ou a mente mirabolante deles funcionando com maestria, só posso dizer que as peças sempre se encaixam direitinho ! / E realmente, “HOME” traz essa sensação de conforto, aconchego, que existe um lugar que você sempre pode voltar não importa quão longe você vá!/ E chegando a penúltima música do “MOTS: Persona”, conta pra gente sobre essa faixa incrível que é JAMAIS VU.//
Oradora LUNNA: É possível sentir o misto de angústia, decepção e também uma certa esperança na voz de Jungkook, Jin e Hobi./ Antes de mais nada, ‘Jamais Vu’ é um termo psiquiátrico que funciona como um oposto para ‘Déjà vu’, que é um termo mais conhecido. / ‘Jamais vu’ é uma expressão em francês que significa ‘jamais visto’, ou seja, enquanto ‘Déjà vu’ é sentir que algo já foi visto ou já aconteceu, ‘Jamais vu’ é a sensação de que algo familiar é completamente desconhecido./ Acontece quando nos deparamos com um lugar ou uma situação conhecida ou recorrente na nossa vida, mas temos a sensação de que não a reconhecemos. Uma experiência bastante estranha./ Assim, juntando esse conceito com a letra, compreendemos que essa é uma música sobre “repetições”, como mencionou o próprio Dr. Stein. Uma música sobre experiências que enfrentamos, mas parece que não aprendemos com elas. Cometemos os mesmos “erros”, tropeçamos de novo e de novo e temos que lidar com os mesmos problemas novamente, como se fosse a primeira vez.//
Oradora LUNNA: Por isso, olhando sob uma perspectiva jungiana, podemos dizer que essa canção fala, de certo modo, sobre o que Jung chamou de “COMPLEXOS”./ Para entendermos um pouco melhor do que estamos falando, vamos pontuar essa passagem do livro do Dr. Stein: “Imaginemos por um momento que a psique é um objeto tridimensional como o sistema solar. A consciência do ego é a Terra, terra firma; é onde vivemos, pelo menos durante as nossas horas vígeis [acordados]./ O espaço ao redor da Terra está cheio de satélites e meteoritos, alguns grandes, outros pequenos. Esse espaço é o que Jung chamou de inconsciente, e os objetos com que primeiro nos deparamos quando nos aventuramos nesse espaço são o que ele chamou os complexos. O inconsciente é povoado por complexos. Foi esse território que Jung explorou inicialmente em sua carreira como psiquiatra. Depois deu-lhe o nome de inconsciente pessoal.” (STEIN, 2006, p. 41)//
Oradora AMANDA: Um complexo é, então, um objeto do nosso inconsciente “composto de imagens associadas a memórias congeladas de momentos traumáticos que estão enterradas no inconsciente e não são facilmente acessíveis para recuperação. São as lembranças reprimidas.” (STEIN, 2006, p. 55)/ Dessa forma, as reações psicológicas que, usualmente, temos em relação aos complexos são exatamente o tema da música “Jamais Vu”. Entramos nas mesmas situações e reagimos da mesma forma, mesmo sabendo aonde isso vai nos levar. Cada vez é doloroso, como se fosse a primeira vez, e nos arrependemos novamente. Isso se repete continuamente até que uma intervenção quebre esses ciclos do complexo./ Nenhum de nós jamais será perfeito e está tudo bem. O que importa é que nos tornemos cada vez mais conscientes de tudo o que faz parte do que somos. E é por isso que, em “Jamais Vu”, os meninos cantam dizendo: “Eu não vou desistir".//
Oradora LARI: Faço questão de repetir isso aqui: “cometemos os mesmos “erros”, tropeçamos de novo e de novo e temos que lidar com os mesmos problemas novamente, como se fosse a primeira vez”. / Que tapa na cara, né gente ? Assim, essa faixa me pega muito porque eu tenho essa certa, posso dizer tendência a repetir e permitir alguns ciclos, então todo o contexto da faixa me atinge, mas é isso gente, só achei que era necessário repetir esse trecho. / Mas eu também penso que estamos vivendo nossa primeira vida, com várias primeiras vezes, então iremos errar não somos perfeitos, mas é essencial aprender com os erros e eu tenho tentando. / Agora LUNNA, conta pra gente sobre o Dionysus que fecha com chave de outro o primeiro álbum da série “Map of the Soul”.//
Oradora LUNNA: A insuperável “Dionysus” é uma música intensa de celebração e de rompimento da persona. Para termos um pouco mais de contexto, Dionísio era um deus estrangeiro para os gregos, pois ele desceu das regiões do Norte e invadiu a Grécia. Ao fazer isso, ele passou a representar uma grande ameaça, uma vez que ele desestruturava velhos valores e quebrava a resistência das pessoas./ Dionísio era visto como um disruptor e foi até mesmo chamado de “The Loosener” (O que desata ou o que solta). Mas, ao fim, os gregos conseguiram integrar Dionísio à sua cultura de tal forma que deram a ele um lugar em Delphi. Delphi, até então, era o espaço de Apolo, o deus clássico dos gregos. O deus da ordem, da beleza, da nobreza teve que compartilhar o seu templo pela metade do ano com Dionísio.//
Oradora AMANDA: Os gregos, então, incorporaram Dionísio, assim como o BTS celebra através dessa música este outro lado das nossas personalidades, por dois motivos: primeiro, não se pode resistir a “Dionísio”. É natural. É como uma força vital que não pode ser impedida. E, segundo e mais importante, é uma libertação da persona. Não podemos ser completamente “Apolos”. Não podemos ignorar o nosso lado dionisíaco. É necessário que reconheçamos e tornemos conscientes de ambos os lados. Assim, um novo aspecto da personalidade pode ganhar forma e podemos nos tornar mais livres./ Essa abertura aos opostos, aos contrastes necessários em nós é, de fato, um renascimento e por isso ouvimos eles cantando os versos: "Beba, beba de novo (Referência a Dionísio) / Nós nascemos duas vezes"./ É só a partir dessa abertura e desse renascimento que podemos começar a mergulhar em áreas mais profundas do inconsciente da personalidade humana e continuaremos a integrá-las. É isso que temos em “Map of the Soul: 7”, bem como em “Map of the Soul: 7 ~ The Journey” e os shows online e tal que tivemos na sequência.//
Oradora LARI: Já falei um milhão de vezes e vou repetir de novo, a discografia do BTS é OURO e realmente não se pode resistir ao BTS assim como não podemos resistir a Dionísio! / E para quem chegou agora, o EP de hoje é um ep especial sobre uma das ERAS dos meninos, e a ERA dessa vez é os Álbuns Map of the soul, que foram lançados lá em 2019 e 2020./ “Mas LARI, e as ERAS anteriores?” Então meus queridos, basta procurar no spotify e maratonar os eps ERAS, obviamente depois de colocar aquele playlist babadeira de stream./ Agora LUNNA, conta pra gente sobre o MOTS 7.//
Oradora LUNNA: LARI, antes de saltarmos para a análise das músicas e dos conceitos ali presentes, precisamos falar sobre o número 7. Caracterizado como simbólico, místico e até mesmo sagrado em uma pluralidade de sistemas./ O Cristianismo, por exemplo, o considera o número sagrado da perfeição. Outros o consideram um número da sorte. Pode-se dizer ainda que é composto por 3 + 4, números que compõem a figura do triângulo e do quadrado, importantes para os estudos do Alquimia. Ou ainda é fácil perceber que temos sete dias na semana. Muitos exemplos podem vir à mente, não é mesmo? Soma-se a isso o fato de que 7 é um número repleto de significados para os nossos meninos.//
Oradora LUNNA: O BTS possui 7 componentes. O BTS ali existia há 7 anos. Além disso, perceba que 7 é um número primo, ou seja, é divisível apenas por 1 ou por ele mesmo. Assim, esse número também expressa muito bem a configuração do grupo: são sete homens com personalidades diversas, mas todos se unem em torno de um só propósito (como a metáfora do navio, bastante utilizada por Namjoon para explicar a dinâmica do grupo)./ Seguindo em frente, vamos seguir nas músicas. “Intro: Persona”, “Boy With Luv”, “Make It Right”, “Jamais Vu” e “Dionysus” já estavam presentes em “Map of the Soul: Persona”, então nós continuamos essa caminhada a partir delas, construindo as relações necessárias.//
Oradora LUNNA: “Map of the Soul: Persona”, de maneira geral, se apoiou sobre o conceito da PERSONA sob a perspectiva de Carl Jung. Para compreendermos aonde estamos nessa série, se imagine, por exemplo, diante de um oceano e você está prestes a mergulhar nele a fim de conhecê-lo melhor e explorá-lo./ Logo na superfície, a primeira coisa com que teríamos contato seria justamente a persona, bem como os complexos e a compreensão inicial de que somos compostos também por um mundo interior. Porém, o álbum foi encerrado com a faixa “Dionysus”, o que diz muito sobre o que estava prestes a vir em nossa direção./ Eu disse anteriormente que “Não podemos ser completamente Apolos. Não podemos ignorar o nosso lado dionisíaco”, certo? Pois bem, a partir da percepção desse “outro lado” que também faz parte do que somos, o BTS e nós passamos a nos voltar a uma outra e ainda mais profunda estrutura da psique humana: a SOMBRA./ Então, primeiro, bora entender um pouquinho do que se trata a sombra e a relação dela, por exemplo, com a persona porque isso será fundamental para o nosso entendimento acerca de músicas como “Interlude: Shadow” e “Black Swan”.//
Oradora LUNNA: Escute esses pequenos trechos retirados do livro do Dr. Stein: “A sombra, um complexo funcional complementar, é uma espécie de contra-pessoa. A sombra pode ser pensada como uma subpersonalidade que quer o que a persona não permitirá.” (STEIN, 2006, p. 101) // “O conteúdo e as qualidades específicas que contribuem para a formação dessa estrutura interna são selecionados pelo processo de desenvolvimento do ego. O que a consciência do ego rejeita torna-se sombra.” (STEIN, 2006, p. 100) / Em resumo, a sombra pertence ao nosso inconsciente pessoal. Sombra e persona são, assim, dois opostos. Enquanto a persona é expressa nos diversos papéis de adaptação ao mundo social no nosso cotidiano, a sombra é composta por aquilo que queremos manter no escuro, escondido de tudo e todos — inclusive de nós mesmos.//
Oradora LARI: É aquilo, creio que no fundo todos temos algo em particular que é a nossa sombra. O nosso íntimo, aquele desejo, pensamento, vontade dentro de nós que por algum motivo preferimos não trazer a tona, deixar na sombra. / E eu amo como os meninos conseguem retratar isso de uma maneira tão sensível./ É já que estamos falando dela, dessa sombra, conta pra gente LUNNA, sobre INTERLUDE: SHADOW, que particularmente é uma das músicas mais tocantes do YOONGI.//
Oradora LUNNA: O título não poderia ser mais explícito, não é mesmo LARI? Yoongi inicia a música afirmando uma série de desejos.“Eu quero ser uma estrela do rap, eu quero estar no topo”./ Mas dali em diante, ele passa a afirmar e tornar conscientes medos, ansiedades e, talvez, até partes dele das quais ele não tenha muito orgulho ou se envergonhe. Olhar para nós mesmos sob a lente da sombra não é uma experiência prazerosa e reconhecê-la nos leva a enfrentar dilemas morais que nem imaginávamos./ A sombra é a parte escondida e inconsciente do ego, mas, nessa canção, Yoongi internalizou a sua sombra em palavras e melodias inigualáveis. Por isso, ele diz no rap: “Mesmo se eu fujo, está me seguindo / Minha sombra se torna mais escura à medida em que minha luz se torna mais brilhante”.//
Oradora AMANDA: Ainda assim, na letra de “Interlude: Shadow”, Yoongi reconhece algo essencial e ele transpôs isso na letra como se fosse a sua própria sombra conversando com ele. Ele diz: “Você sou eu e eu sou você, você entende agora, certo? / Somos um só corpo e, às vezes, vamos nos encontrar / Você nunca conseguirá me tirar de você, você entende, certo?”. Ou seja, não podemos nos livrar da sombra porque ela é parte fundamental do todo que nós somos. Negá-la nos leva cada vez mais longe daquilo que somos e podemos ser e nos abandona à incompletude.//
Oradora LARI: Então, mais uma vez vale a pena dizer: não podemos ser completamente Apolos, não podemos ocultar o nosso lado dionisíaco. / É tempo de começarmos a explorar as nossas sombras, nos tornarmos conscientes delas e, desse modo, começaremos a integrá-las à nossa personalidade de uma forma saudável e equilibrada. / Além disso, assistir o MV de “Interlude: Shadow” é fundamental, os cenários, as expressões, a composição de cores, as imagens ali junto com essa letra expressam TUDO./ Agora nós vamos falar sobre uma música que se fosse algo físico seria uma obra de arte raríssima, pois ela é perfeita. BLACK SWAN.//
Oradora LUNNA: Essa faixa logo chama a atenção em meio ao álbum porque tem o mesmo nome de uma teoria brilhante e de um filme maravilhoso e surgem até mesmo algumas referências a ele no MV. / “Black Swan” é uma música muito intensa e, nela, a sombra definitivamente toma conta da cena./ É uma espécie de confissão do BTS enfrentando a sombra que vinha escondendo como artista. / Eles cantam: “Como se eu estivesse enfeitiçado, eu lentamente afundo / Apesar de eu tentar lutar, eu estou no fundo do mar” / “Eu salto dentro disso / E no ponto mais profundo / Eu vi a mim mesmo”. / A letra, o MV e o Art Film de “Black Swan” mostram um BTS atravessando um momento doloroso e incerto mas, ao mesmo tempo, com uma postura muito madura e auto-reflexiva./ Por isso, mesmo em meio ao caos da sombra, podemos observar neles um certo renascimento. Em meio ao nosso desenvolvimento psicológico, vamos atravessar incontáveis transições e transformações./ E é muito bonito e muito pesado como um renascimento não deixa de ser também uma "primeira morte" e eles usam esse termo na letra e a gente também tem ali uma referência a uma fala de Martha Graham, uma das maiores dançarinas de todos os tempos, que disse: "Um dançarino morre duas vezes – uma é quando para de dançar, e essa primeira morte é a mais dolorosa". Em outras palavras, a primeira morte é a morte ou a escassez da paixão de um artista pela sua arte.//
Oradora LUNNA: Se coloque no lugar dos membros do grupo por um momento: 7 anos. Inúmeros álbuns. Infinitas músicas, performances e conceitos. Em algum momento, o ponto crucial do cansaço, da dúvida, do medo e da primeira morte inevitavelmente chegaria. Aí nessa perda de sentido e significado, o tempo parece congelar, como a gente vê na letra./ Se a música não me emociona mais, nem parece mover o meu coração, talvez a minha primeira morte tenha chegado. Mas se esse momento limite for agora... E agora? A gente fala aqui sobre artistas que não estão discutindo o medo de perder popularidade, fãs, dinheiro e afins, mas artistas que estão revelando, de forma nua e crua, o medo de perder o amor pela música./ É o embate com uma primeira morte. A morte de uma velha identidade que já não nos serve, como uma cobra trocando a sua pele. Dessa forma, essa música, bem como “Map of the Soul: 7” por completo, é o início de um processo de renascimento, redescobrimento e reinvenção pessoal para o BTS a partir do contato com o seu inconsciente – individualmente e coletivamente entre os 7. Estamos falando sobre estágios de desenvolvimento e eu e você também somos convidados a descobrirmos os nossos.//
Oradora LARI: É apavorante, né ? Pensar que a gente pode perder o amor por aquilo que nos fazia viver, essa faixa sempre me emociona porque eu dediquei muito tempo e esforço ao teatro, eu amava a euforia, era a minha casa, a felicidade de gravar um roteiro e estar em um palco dando vida para algum personagem e hoje em dia só de pensar nisso me deixa completa exausta como se todas as minhas energias fossem completamentes sugadas, essa foi minha primeira morte. / E caramba, eu não sei quantas mortes ainda terei, mas eu me agarro firmemente no fino fio de esperança em continuar amando outras paixões que descobri. / Amo esta faixa e não é atoa que ela foi inspiração em uma das minhas tatuagens. / Agora pessoal, para que a Lunna possa descansar um pouco porque ela já falou muito e mereço um alívio na garganta, eu vou dar continuidade ao material que foi disponibilizado pela EFEITO BTS, então me aguentem falar, hein. / E Lunna muito obrigada por apresentar para todos nós essas informações. //
Oradora LARI: Bom na sequência, temos “Filter” e essa é uma música que, sem dúvida alguma, gruda na cabeça de qualquer um! No entanto, para além do ritmo dançante e dos vocais sedutores, Jimin está falando sobre algo bastante importante. Exatamente: filtros. / É provável que, ao ver essa palavra, você pense diretamente nos filtros do Instagram ou coisa do tipo e você está no caminho certo./ Mas o Dr. Stein, em um dos episódios do podcast “Speaking of Jung”, diz que, na sua interpretação, “Filter” poderia ter dois sentidos próximos. Primeiramente, é uma afirmação com um sentido de “Nós, enquanto artistas, podemos entreter vocês com nossos filtros” e, de fato, eles podem. Ninguém melhor que o BTS para explorar as incontáveis faces das artes e do entretenimento, né? Eles são versáteis demais. Porém, Dr. Stein ressalta que Jimin também poderia estar cantando sobre a questão da "interpretação".//
Oradora LARI: O próprio Jung, por exemplo, foi, muitas vezes, mal interpretado. Para expressar melhor a ideia que estamos querendo trazer, dê uma olhada nesse trecho de um outro livro organizado por Carl Jung, chamado “O Homem e seus Símbolos”: “Cada um de nós recebe noções gerais ou abstratas no contexto particular de nossa mente e, portanto, entende e aplica tais noções também de maneira particular e individual./ Quando, numa conversa, uso palavras como ‘Estado’, ‘dinheiro’, ‘saúde’ ou ‘sociedade’, parto do pressuposto de que os que me escutam dão a esses termos mais ou menos a mesma significação que eu. Mas a expressão ‘mais ou menos’ é o que importa aqui. Cada palavra tem um sentido ligeiramente diferente para cada pessoa […]” (JUNG, 2016, p. 47) / Isso se aplica não apenas às nossas palavras, mas também às nossas ações, traços da nossa personalidade e muitos outros fatores./ Às vezes, queremos expressar algo mas não conseguimos saber, de fato, como isso será interpretado pelas pessoas à nossa volta. Todos filtram tudo, essa é a verdade, e isso não está sob o nosso controle. Por isso, a reflexão a respeito disso pode nos ajudar muito, por exemplo, quando estamos buscando integrar a nossa sombra e a nossa persona. E assim vemos Jimin cantando os versos: “Escolha o seu filtro / Tente salvar apenas eu”.//
Oradora LARI: Chegamos a “My Time”, a faixa solo do Jungkook. Essa música vem trazer, é claro, o elemento do tempo e fala sobre as diversas percepções de temporalidade do ego, ou seja, de nós de forma consciente através de experiências pessoais./ O Dr. Stein, por meio do podcast, também salientou que, na adolescência, é comum que tenhamos a sensação de imortalidade. O desejo de viver loucamente e de ser jovem para sempre. Entretanto, ao atingirmos uma determinada idade por volta da casa dos 20 anos, começamos a perceber que as nossas escolhas são significativas e trazem consequências. Começamos a perceber diferentes realidades da passagem do tempo./ Assim, “My Time” é a expressão perfeita desse ‘cair em si’ também em relação à temporalidade e à forma como percebemos isso por meio das nossas experiências. Podemos olhar, por exemplo, para quando Jungkook canta: “Mas, talvez, eu tenha ido muito rápido, há rastros do que eu perdi / Não sei o que fazer com isso / Eu estou vivendo isso de forma certa? / Por que eu sou o único num espaço-tempo diferente?”//
Oradora LARI: “Louder than bombs” é a música seguinte e, sério, que melodia e letra profundas! A faixa traz pra gente temas como sofrimento, dor, tristeza, medo como universais. Dr. Stein interpretou essa música como se o BTS estivesse observando suas próprias dores e problemas mas, ao mesmo tempo, dando um passo para trás e observando abstratamente as dores e problemas enfrentados por tantas pessoas ao redor do mundo./ Porém e para além disso, Stein afirmou que vê essa canção também como uma declaração de empatia e esperança. Não vamos desistir, vamos continuar em frente mesmo em meio a circunstâncias difíceis — sejam em nossas jornadas internas ou externas./ É por isso que, de modo geral, “Louder than bombs” parece ser capaz de tocar em pontos muito profundos, parece que a música nos afunda pra genuinamente perceber coletivamente e individualmente esses temas em torno do sofrimento humano e isso é essencial, afinal não conseguimos seguir adiante ou confrontar algo que sequer sabemos o que é ou como ou por que o sentimos, né? Então, é assim que vemos o BTS cantando: “Você e eu, nós todos sentimos isso juntos / Tristeza e dor / Eles nunca são uma coincidência”. Depois, novamente se colocando nesse lugar de artistas com um coração e uma atitude disposta a amplificar, dar voz e discutir tudo que envolve a nossa experiência humana, eles cantam: “Se não formos nós, ok, quem vai fazer isso? / Com som mais alto do que bombas eu canto / Eu prometo a você e a mim mesmo / Não importa que tipo de ondas nos atinjam / Nós iremos cantar eternamente na sua direção”. Cara, impossível ouvir isso, ainda mais com os vocais dessa música e no conceito desse álbum e não se arrepiar inteiro.//
Oradora LARI: E por falar em se arrepiar, o que podemos dizer da faixa título do álbum, “ON”? Como diria Kim Taehyung naquela entrevista de 2020, meus amigos, “it’s massive”, ou seja, “ON” é grandona demais, viu? Carl Jung disse, certa vez, “Me mostre uma pessoa sã e eu a curarei para você” e a letra de “ON” vem nos dizer algo muito próximo: “Para ficar são, é necessário ficar insano”. O que ambos têm em comum? O que estão querendo nos dizer? Essa ideia de sanidade é considerada, em vários contextos e ao longo da nossa história, como uma alta qualidade ou uma virtude. Inclusive, se pegamos pra debater em termos da nossa história em relação à luta antimanicomial e coisas do tipo, vemos a importância de questionar o que é a sanidade e quem define quem ou o que é são e o que não./ É fundamental falarmos da loucura, do que escapa à tal sanidade, até porque a sanidade, por ela mesma, não é suficiente. Falta imaginação. Falta profundidade. Falta arte. É claro, precisamos dela, mas ela não satisfaz a psique humana nem de perto. É paradoxal, sim, mas é real./ Então, em termos bem jungianos, o que Jung e a letra de “ON” estão nos dizendo é que precisamos incluir o inconsciente e todos esses aspectos diversos que nos compõem a fim de alcançarmos a integridade do que somos. O que é consciente e racional é parte do que somos, mas não é tudo o que somos./ Perceba como essa reflexão também fica evidente no verso: “Eu me lancei por completo dentro desse mundo de dois lados”./ Por fim, cabe dizer que “ON” é ainda uma música de resiliência. Uma música de muita força. Um respirar no meio da jornada pelo mapa da alma que estamos falando, para que seja possível levantar e seguir por essa eterna caminhada. Continue seguindo em frente. Continue se movendo. Junte energia e volte para a jornada./ E é nesse sentido que ouvimos o BTS cantando versos super intensos como: “Chuva vai estar caindo, os céus vão estar desabando todo dia, oh na na na / Traga, traga a dor, oh yeah” ou ainda “Você não pode me segurar para baixo porque sabe que eu sou um lutador”.//
Oradora LARI: A 12ª faixa de “MOTS 7” é “UGH!”, essa obra prima da nossa rap line. Antes de mais nada, o título coreano (욱) é pronunciado como “wook”. Vem de uma outra palavra, 욱하다, que significa algo como perder a paciência por causa de alguma coisa ou alguém que te fez explodir de raiva repentinamente./ Esse termo faz muito sentido também com o título em inglês, UGH, que seria uma onomatopeia, um som para quando estamos bravos ou frustrados. Sobre os significados por trás de “UGH!”, a música tem uma mensagem muito forte diante de um mundo quebrado e hipócrita, como eles dizem na letra./ A gente destaca alguns versos como: “Até a verdade se torna mentira / Até a mentira se torna verdade / Nesse lugar, todo mundo se torna alguém com um pensamento e julgamento de moral perfeita / Que engraçado” ou ainda “É como se ninguém conseguisse viver sem raiva / Eles ficam com raiva, raiva e raiva”. Ou seja, a letra é uma construção complexa em cima da realidade da nossa organização social, né? Do tipo de sociedade em que a gente tem vivido. De pessoas que se escondem por trás de máscaras ou de anonimatos, por exemplo, na internet e um mundo dominado por ira, antipatia, inveja, violência e intolerância./ E aí o que cabe a nós buscarmos fazer em meio a tudo isso? Devemos buscar resiliência e não perder o foco em meio à jornada que estamos debatendo aqui, entendendo a importância dessas reflexões, das contradições do nosso próprio interior para olharmos com mais profundidade as contradições ao nosso redor no mundo exterior e também nos posicionarmos diante delas. Em resumo, galera, “UGH” é realmente uma música com uma letra atemporal e muito, muito necessária.//
Oradora LARI: A faixa da vocal line, “00:00 (Zero O’Clock)”, tem tons bem diferentes da anterior. Essa é, verdadeiramente, uma música de esperança. Tem uma letra tão simples e sincera e, ao mesmo tempo, tão real. Todos nós temos dias em que enfrentamos exatamente a sensação ali descrita, de um dia difícil, pesado, cansativo, desanimador, ainda mais se a gente leva em consideração a reflexão também da música anterior – ou seja, das violências, desigualdades, raiva, intolerância que nos rodeiam./ É por isso que “00:00” vem com uma mensagem muito fácil da gente se relacionar e é capaz de tocar os nossos corações e trazer tanto conforto. Além disso, a faixa também acaba passando pela questão de como percebemos o tempo. A realidade do tempo e as nossas relações com a temporalidade. O tempo passa e não podemos recapturá-lo, mas, com esse olhar de esperança, existe um momento — 00:00 — em que tudo pára e pode ser resetado de alguma forma. Um tempo em que podemos começar novamente. Um tempo de conforto e esse tempo é a própria possibilidade do amanhã./ Assim, “00:00 (Zero O’Clock)” expressa a esperança de que dias melhores virão e isso pode nos trazer conforto e um fôlego a mais para prosseguirmos na nossa jornada. É aquele momento em que a gente escuta essa música, chora, fecha os olhos pra tentar dormir e amanhã a gente tenta começar um novo dia, né? Por isso, destacamos os versos: “Quando os ponteiros se encontram (ou seja, à meia-noite) / O mundo segura seu fôlego por um breve momento / Zero horas / E você vai ser feliz / […] Vire tudo isso para lá / Um tempo onde tudo é novo / Zero horas”.//
Oradora LARI: “Inner Child”, a música seguinte, é a faixa solo do Taehyung. Antes de tecer alguns comentários sobre a letra, vale a pena darmos uma olhada num trecho da descrição dessa música no Spotify, que diz: “V dedica esse solo ao menino que esteve batalhando para se tornar a pessoa que ele é hoje. O menino assustado continuará a viver dentro dele para sempre, mas V estende uma mão de conforto, sabendo que as cicatrizes se tornaram agora um emblema de felicidade […]”./ “Inner Child”, então, nitidamente se refere a esse eu do passado e às memórias e sensações de quando ele era apenas um garoto. Em outras palavras, é isso mesmo, estamos falando sobre a nossa criança interior ou sobre a própria criança que fomos, além da importância dessa conexão com ela. Mas, se quisermos ir um pouquinho mais a fundo, sob a psicologia jungiana, essa criança interior também poderia representar um arquétipo./ Arquétipo? Que raios é isso? A gente te explica de forma bem básica! Arquétipos, segundo Carl Jung, são conjuntos de imagens primitivas que vem de uma sucessão de repetições de uma mesma experiência durante muitas gerações na humanidade e que ficaram, assim, armazenadas no inconsciente. E pelamordedeus, nada de cair nesses golpes de Instagram de “ative seu arquétipo”, longe disso. Arquétipos são essa hipótese de que, no nosso inconsciente, haveria uma dimensão coletiva na qual nós compartilhamos de imagens, ideais que foram sendo construídos ao longo da história da humanidade./ A partir disso, considerando a criança interior também como um arquétipo segundo Jung, poderíamos dizer que essa criança interior que temos é bastante sensível mas, ao mesmo tempo, trazendo a criança, tem um tremendo potencial./ Assim, falar sobre essa “Inner Child” é falar sobre a nossa futuridade e o nosso potencial de desenvolvimento. O que queremos ser, o que podemos ser, isso sem perder de vista o que somos e o que já fomos. Por isso, essa faixa realmente conecta passado, presente e futuro e é muito bonita a forma como o V canta: “Porque as luzes que brilharam em seus olhos são o eu de agora / Você é o meu garoto, meu garoto”.//
Oradora LARI: Então, teremos a faixa FRIENDS, essa subunit da 95’ Line é um presente para nós e para eles próprios através da sua história. O título não poderia ser mais evidente. Essa faixa é uma afirmação e também uma celebração da amizade entre Jimin e Taehyung./ A princípio, podemos até nos questionar o porquê de uma música como essa estar nessa posição do álbum. Mas, ao olharmos para a letra, tudo se esclarece. Eles cantam: “Quando os aplausos acabarem, hey / Fique comigo ao meu lado”. Em meio às jornadas em que embarcamos ao longo da vida, sejam internas ou externas, por mais que às vezes pareça que conseguimos fazer tudo sozinhos, a verdade é que não conseguimos. O Dr. Stein escreveu no livro “Map of the Soul” que “todos precisamos de outras pessoas para sobreviver física e psicologicamente” (STEIN, 2006, p. 107). /Precisamos de outros para compartilhar a eterna jornada e torná-la mais leve. E quem melhor para isso do que um amigo? Jimin e Taehyung já passaram por muita coisa e é por isso que essa música significa tanto. Mesmo em meio a mudanças ou a diferentes circunstâncias da vida, permaneça ao meu lado. Essa é a declaração aqui. E de forma mais poética, eles cantam isso dizendo: “Sete verões e invernos frios / E há mais por vir / Muitas promessas e memórias / E há mais por vir”.//
Oradora LARI: Se você acompanha o BTS e nunca se emocionou ao ouvir “Moon”, cara, você é realmente forte. Essa música foi composta para o ARMY e essa letra, somada à voz do Seokjin, é capaz de desestruturar qualquer um. Ele canta se auto representando como a Lua e representando o ARMY como a Terra./ No entanto, perceba que o fato de ele ter escolhido a Lua como personagem principal dessa faixa é muito interessante também. Seokjin poderia, por exemplo, estar cantando sobre o Sol, mas ele é diferente. O Sol é fixo e representa, simbolicamente, uma característica consciente. Já a Lua é o que dá luz à escuridão, porém é também mutável e passa por diferentes fases./ Por isso, muitas vezes, a Lua, sob a psicologia jungiana, simboliza o inconsciente pessoal — a nossa imaginação, nossas reações emocionais, nossa memória afetiva e outros fatores. Além disso, a Lua também carrega tons um pouco mais românticos, não é mesmo?/ Assim, “Moon” é um passeio por uma uma parte do inconsciente pessoal do Seokjin e também uma canção realmente de amor para o ARMY. Isso fica evidente quando ele canta para nós: “Eu vou orbitar em torno de você / Eu vou ficar ao seu lado / Eu serei a sua luzTudo por você”.//
Oradora LARI: “Respect”, a faixa seguinte, é uma música e tanto, a subunit perfeita entre Namjoon e Yoongi. Até certo ponto, sim, eles estão cantando sobre respeito, sendo esse considerado uma alta virtude humana, até mesmo mais alta do que a admiração e, talvez, até mesmo do que o amor./ A gente pode dar uma olhada nesses versos que dizem: “Certamente [o respeito] pertence a uma camada mais alta que o amor / Uma camada mais alta, talvez a mais alta / Um conceito que pertence a isso / Não é isso o respeito?”. Respeito é essencial, sobretudo quando passamos a compreender mais a fundo a jornada em que estamos e que outros também podem estar. É aquela famosa frase: Nunca sabemos o que o outro está enfrentando./ Assim, respeito desperta sensibilidade. Entretanto, como dissemos antes, quando se trata do BTS, precisamos olhar duas vezes antes de tirar qualquer conclusão. Nessa faixa, Namjoon e Yoongi estão também brincando com a própria palavra do título./ Perceba que RESPECT pode ser também uma junção do prefixo em inglês RE (que significa ‘de novo’) + SPECT (que, em inglês, tem um sentido de observar, olhar ou assistir algo). Assim, “Respect” vem nos falar sobre olharmos novamente para algo, talvez sob novas perspectivas — o que também não deixa de estar ligado à palavra original, “respeito”. Muitas vezes, precisamos olhar mais de uma vez para algo ou alguém para compreendê-lo melhor e respeitá-lo. Esse significado duplo fica muito claro nesse verso: “Re-speito, como a própria palavra, é olhar novamente e novamente”.//
Oradora LARI: A penúltima faixa de “Map of the Soul: 7” é a insuperável “We Are Bulletproof: The Eternal”. Essa música vai a fundo nas memórias, no passado e na trajetória do BTS e do ARMY até ali em 2020. Eles estão afirmando que BTS e ARMY são um e não vão cair. É relevante também ressaltar a importância do título “WAB: The Eternal”. Sabemos que, no passado, BTS já havia lançado duas músicas de mesmo nome: “We Are Bulletproof: Pt. 1”, antes mesmo de debutarem e terem essa formação atual, e “We Are Bulletproof: Pt. 2” (2013) em seu primeiro álbum./ Mas ficamos pensando: Por que agora eles colocariam “The Eternal” (O Eterno)? Por que não “Pt. 3” ou algo do tipo? ‘Eternal’ (Eterno) é uma palavra forte, pois traz a ideia de algo que supera a temporalidade e foi exatamente por meio desse ponto que podemos entender o porquê desse título./ O BTS, como grupo ou cada um dos meninos individualmente, devido à sua carreira e a essa unidade com o ARMY, tem atingido um patamar e um caminho que supera o tempo. Eles têm, de fato, marcado seus nomes na história e também nos corações de milhões de pessoas ao redor do planeta./ Por isso, “WAB: The Eternal” descreve perfeitamente passado, presente e futuro e como BTS e ARMY, como um, tem se eternizado, um no outro, em todas essas dimensões do tempo em meio à jornada. Você já se imaginou lá pelos 70 anos, se sentando em sua cama e trazendo à tona lembranças de tudo o que temos vivido e aprendido junto desses 7? Sinceramente, eu pretendo contar sobre o movimento de BTS e ARMY para os meus netos ou, caso eu não tenha filhos, pra ainda mais pessoas ao meu redor. Assim, não há dúvidas que as próximas gerações saberão o que o BTS trouxe ao mundo. Basta olhar para os versos: “Nós éramos apenas sete / Mas temos todos vocês agora / Depois de sete invernos e primaveras / Nas pontas dos nossos dedos entrelaçados / Chegamos ao céu”. É sobre isso, nós nos eternizamos uns nos outros.//
Oradora LARI: E chegamos ao nosso ponto final — “Outro: EGO”. Você se lembra de como tínhamos finalizado o álbum anterior, “Map of the Soul: Persona”? Exatamente, encerramos com “Dionysus”, celebrando a recepção de um outro lado da psique — no caso, a sombra. Em “Map of the Soul: 7”, também finalizaremos falando sobre mais uma estrutura da personalidade humana: passamos por Persona, Sombra e agora o BTS traz o EGO para o centro das atenções com mais cuidado./ Esse solo precioso do Hobi é uma afirmação do ego e uma celebração de onde chegamos em desenvolvimento até esse ponto da jornada. Mas, antes de falar mais sobre essa música, gostaríamos de traçar alguns pontos a partir do livro do Dr. Stein para que possamos entender de forma básica o que é o ego segundo a psicologia analítica. Veja esses trechos: “ ‘Ego’ é um termo técnico cuja origem é a palavra latina que significa ‘eu’. Consciência é a percepção dos nossos próprios sentimentos e, no seu centro, existe um ‘eu’.” (STEIN, 2006, p. 21) / “A ligação com o ego é a condição necessária para tornar qualquer coisa consciente — um sentimento, um pensamento, uma percepção ou uma fantasia. O ego é uma espécie de espelho no qual a psique pode ver-se a si mesma e pode tornar-se consciente.” (STEIN, 2006, p. 23) / Assim….. “[…] o ego forma o centro crítico da consciência e, de fato, determina em grande medida que conteúdos permanecem no domínio da consciência e quais se retiram” (STEIN, 2006, p. 25).//
Oradora LARI: Resumindo, o ego ou o “eu” é um termo usado por Jung para representar o centro da consciência — perceba que ego e consciência não são essencialmente a mesma coisa, porém é por meio do ego que os conteúdos inconscientes podem tornar-se conscientes./ Assim, o ego é o que um indivíduo conscientemente compreende a respeito de si e é essa capacidade de realizar um alto nível de conhecimento sobre si mesmo e de compreensão das razões para o seu próprio comportamento, ou seja, um ego auto-reflexivo que difere a nossa consciência da consciência animal, por exemplo - e é fundamental para a nossa jornada interna. Nós vemos o Hobi cantando: “Qualquer que seja o meu caminho / Apenas ego, ego, ego/eu, eu, eu / Apenas confio em mim mesmo”.//
Oradora LARI: O BTS sabe que ainda há muito pela frente, mas o solo do Hobi traz essa celebração pelo que já foi alcançado e experienciado. Começaram essa jornada pela PERSONA, passaram pela SOMBRA e, pela experiência de integração desses opostos, e então o EGO se fortalece e se desenvolve./ Ouça essas palavras do Dr. Stein sobre a importância da integração e de tornarmos conscientes os mais variados aspectos da nossa psique: "Uma vez que a tarefa global do desenvolvimento psicológico (ou ‘individuação’) é a integração, e a totalidade é o valor supremo, precisamos perguntar aqui, de um modo preliminar, pelo menos: O que significa integrar persona e sombra? No contexto do tópico deste capítulo, a integração depende da aceitação pela pessoa de si mesmo […]. Um conflito entre opostos — persona e sombra, por exemplo — pode ser considerado como uma crise, mas uma oportunidade para crescer através da integração.” (STEIN, 2006, p. 112–113)/ Então, em resumo, a nossa conclusão é de que “Map of the Soul: 7” é uma intensa viagem pelo inconsciente pessoal do BTS. Por meio dessa viagem, eles se apresentaram diante do mundo e deles próprios de uma forma nova e diferente, verdadeiramente sincera, profunda e muito madura./ Para muito além disso, eles apresentaram essas letras todas a cada um de nós como um impulso, uma inspiração e uma oportunidade para que nós também conheçamos as nossas personas, sombras e egos.// Bom pessoal, esse foi todo o material da EFEITO BTS, agradeço mais uma vez por nos enviar esse material incrível. // Já que imaginamos muito com as letras, tá na hora de materializar com os MVs! Por isso, enquanto eu descanso a minha garganta que está só os frangalhos KAREN vai representar a GOGO ARMYS e vai começar nos contando sobre PERSONA! //
Oradora KAREN: O MV de Persona dita o tom da era MOTS. Como introdução, ele segue diretamente na questão central da era que é mergulhar o mais profundamente em questões do seu consciente e do seu inconsciente para encontrar seu verdadeiro “eu”./ No início do vídeo vemos Namjoon em roupas casuais em o que parece ser uma sala de aula questionando quem ele é e qual sua relevância no mundo, e logo após, ironiza sobre o fato de sequer saber sobre seu verdadeiro “eu” e as pessoas o parabenizarem por ser quem é./ E a partir daí há uma representação distinta sobre “Namjoon” e a persona “RM”. RM aparece em seguida vestindo roupas um pouco mais elaboradas e em frente a um espelho, mostrando suas várias facetas, todas brilhantes e confiantes, enquanto fala sobre suas dúvidas e o quanto seu eu fora da persona é (segundo ele, e apenas segundo ele) desinteressante para os outros. / Quando ele cita a sua sombra, e fala que a chama de ‘hesitação’, dá a entender que no processo de criar a persona RM, ele abriu mão de tudo aquilo que o tornava inseguro para assumir a postura de um idol, e para mais além, de um líder. Há uma cena de um pequeno Namjoon sendo jogado para fora de um dos armários, o que pode representar justamente a sombra (suas hesitações) sendo deixada de lado e fazendo assim com que cada vez mais a persona RM seja quem Kim Namjoon é; mesmo que essa sombra sempre esteja à espreita, “sob o palco ou sob as luzes”.//
Oradora KAREN: Interessante também ressaltar que o cenário e as roupas também ditam alguns momentos importantes sobre o que RM está dizendo, como por exemplo quando ele começa a questionar sobre ser merecedor do lugar em que se encontra e quando diz que o mundo não está interessado na sua falta de jeito, a mesma sala de aula que antes era aberta e clara se torna escura, e sua roupa casual e jaqueta bege viram uma roupa mais escura e fechada com o capuz erguido, reforçando que neste momento de confusão e hesitação, ele se encontra em si mesmo e em sua sombra./ Este momento se intercala com a cena em que ele assume sua persona, mesmo que ela tenha tomado muito de si e que ele a tenha assumido por achar que ninguém gostaria dele se não fosse RM./ E como último destaque temos quase ao final ao lado de Namjoon a figura de RM em CGI: perfeito, brilhante e claramente falso. Uma alegoria para quem a persona de Namjoon é. E como ele admite e a imagem ilustra claramente, tornou-se maior que ele mesmo.//
Oradora KAREN: Vou dar mais um tempinho para a Lari, descansar o gógó, ou seja, sua garganta, porque tadinha ela deve estar bebendo quinze mil litros de água agora, eu vou continuar e falar sobre o MV de Boy With Luv, lançado em abril de 2019 com a participação da Halsey, é um verdadeiro sucesso não só no fandom, mas em todo canto que a música toca vai ter alguém mexendo a boca ao som de “oh my, my, my”. / Boy With Luv é uma explosão de cores que prende a atenção de quem está assistindo, transmitindo uma sensação de alegria e leveza./ Não que eu tenha vivido aquela época, mas o cenário estilo retrô da lanchonete e ambientes iluminados por néons nos remetem aos filmes e músicas dos anos 1950 e 60, capturando uma sensação nostálgica do que eu nem vivi./ Falando mais sobre a bilheteria que Halsey trabalha, a fachada e o letreiro luminoso são elementos que evocam a cultura pop clássica americana, creio que muitos de vocês já assistiram algum musical ou filme em que o casal vai até um local parecido com esse, e isso é o legal do MV, nos trazer aquele conforto de algo que pode soar familiar em tempos distintos./ Outro ponto a se destacar é a coreografia leve misturada com passos energéticos que trazem uma vibe mais divertida para contracenar com o cenário. Mesmo em um tempo menor de tela a Halsey também se junta com os meninos em algumas partes, mostrando a química artística que rolou entre eles no momento da construção tanto da música, quanto do MV./
Oradora LARI: Reforço novamente o que sempre digo, eu sei que cada um interpreta de uma determinada forma uma arte específica e que uma única arte pode ter mil interpretações. / Por isso, creio que podemos dizer que a música também pode falar sobre encontrar alegria nas pequenas coisas, de encontrar uma pessoa querida a qual você deseja compartilhar esses momentos de felicidade e é justamente isso que é transmitido em cada detalhe do MV de Boy With Luv, sem contar que ele é um sucesso marcante e inconfundível que hoje já soma mais de 1.8 bilhão de visualizações no YouTube e mais de 28 milhões de likes.// Agora, partimos para Make It Right!//
Oradora KAREN: O MV de Make It Right é um MV mais simples comparado às outras super produções do BTS, mas também é cheio de significados em uma combinação de cenas de animação com momentos de shows ao vivo da turnê Love Yourself: Speak Yourself./ O MV gira em torno da animação de um herói que enfrenta desafios em uma jornada solitária, mas encontra esperança ao se reconectar com alguém importante. Essa pessoa simboliza o amor, apoio e a conexão emocional, servindo como uma metáfora sobre a luta interna que muitas pessoas enfrentam e a importância de encontrar apoio em algo ou alguém em tempos difíceis./ E creio eu que muitas de nós em algum momento já encontramos esse apoio nos meninos, não é mesmo? Aliás, o BTS te alcança no momento em que você mais está precisando. E posso dizer que de alguma forma nós também já fomos apoio para os meninos em momentos difíceis para eles, tanto que essa jogada de intercalar a animação com momentos reais deles nos shows com o ARMY é a prova disso, e essa troca entre BTS e ARMY é mega recíproca.//
Oradora KAREN: Já aproveito o microfone para falar sobre o MV de Shadow estrelado pelo nosso amado Suga, ele explora o lado sombrio da fama e os conflitos internos que ela provoca. A estética do MV é mais pesada e até um pouco claustrofóbica, mostrando o Suga cercado por multidões que perseguem ele durante parte do MV e ele luta para escapar dessa sombra que o persegue./ Essa representação simboliza a pressão e as expectativas que o público em geral coloca em cima de um artista e também o tanto que eles se cobram diariamente para extrair de si às vezes mais que o necessário./ O MV explora a dualidade do Suga entre sua persona pública e o seu “eu” mais sombrio e vulnerável, tanto que há cenas em que ele é refletido em múltiplos espelhos destacando a sua identidade fragmentada. Não podemos deixar de falar dos looks usados por ele, que também ajudam a transmitir e acrescentar um conceito forte, de muito poder ao MV.//
Oradora LARI: Não costumo falar de forma explícita sobre algumas coisas que aconteceram nos últimos meses, porque como estudante de comunicação eu sei que é isso que eles querem, eles almejam likes e virarem assunto, eles querem noticiar a pauta do ano. / Também não comento muito, porque a rotina é corrida e na maioria das vezes nosso time prefere agir denunciando, enviando os templates com o pouco de tempo que temos disponível, além disso, também tentamos ao máximo fomentar e acabar dando credibilidade às fake news lançadas por aí com o intuito de prejudicar os meninos, mas eu só quero dizer uma coisa, eles tentam de formas injustas e baixas alcançar os meninos, fazê los acreditarem que eles são menores do que eles realmente são, porém escutem bem, ELES NÃO VÃO CONSEGUIR, porque quem é ARMY, está aqui amando e esperando OS SETE, estamos firmes, fortes e unidos. / Então assim como no MV de SHADOW eles não alcançaram o Yoongi, na vida real o ARMY também deixar ninguém alcançar os nossos sete meninos. / Bom, bora para O MV DE BLACK SWAN! //
Oradora KAREN: Falar do MV de Black Swan acredito que seja a mesma sensação/emoção que um artista plástico sente ao terminar uma obra. Usando uma expressão popular em resumo, é aquela obra que agrada gregos e troianos./ O MV explora temas profundos, como a luta de um artista contra o medo de perder a paixão pela música. Filmado em um teatro escuro e vazio, o vídeo começa com os meninos vestindo roupas pretas, representando a figura do "Cisne Negro" do título./ O conceito central de Black Swan, faz referência ao balé homônimo e ao filme aclamado Black Swan lançado em 2010, que explora a dualidade entre o lado luminoso e sombrio da psique humana. No MV, essa dualidade é transmitida visualmente por meio de contrastes entre a luz, que representa o cisne branco e a arte pura, e a sombra que representa o cisne negro e o medo da dor. As roupas usadas pelos meninos, e a coreografia marcada por movimentos fluidos e mega expressivos refletem essa batalha interna dos artistas desse meio.//
Oradora KAREN: Falando um pouco das sombras que aparecem dando aquele ar misterioso do MV, elas desempenham um papel crucial, nos remetendo aquela ideia de que eles estão lutando contra versões sombrias de si mesmos. Através de um episódio do Bangtan Bomb, vimos o Jimin brincando que ele havia feito a parte das sombras que aparecem no MV, e isso é bem legal porque a coreografia em si é muito fluída, os movimentos são muito limpos e ao mesmo tempo há uma sensação de peso, como se eles estivessem lutando contra algo./ E mais do que apenas dançar, eles usam o corpo como instrumento de expressão, é uma encenação artística que sua mensagem foi muito bem passada através de cada movimento e expressão./ O cenário clássico de um teatro vazio é uma escolha simbólica, é um local onde os artistas encontram os seus fãs, mas ao estar vazio, evoca o isolamento e a introspecção. E novamente temos aquela interpretação do medo de perder a conexão com a arte e o público, creio que independente da área de atuação, se você faz aquilo que ama, essa perda de conexão gera um medo do desconhecido e do que pode vir a seguir. / Depois de muita luta, danças e expressões dramáticas, podemos ver que os meninos encontram um equilíbrio, sugerido por uma transição para trajes mais claros e uma mudança na iluminação, sinalizando a superação dessa luta interior.//
Oradora LARI: Não vou me alongar muito, pois já comentei sobre a faixa agora a pouco e sou suspeita praticamente culpada quando o crime é amar essa faixa como um todo, principalmente com esse MV de tirar o fôlego. / Karen, essa faixa fica ainda mais especial para nós BARMYS porque a coreografia de Black Swan foi dirigida pelo coreógrafo brasileiro Sérgio Reis, que na época contou que ficou muito surpreso pela Big Hit ter procurado ele e que ficou muito feliz com a repercussão e por ver o BTS dançando uma coreografia dele. Que orgulho dos nossos profissionais brasileiros, né gente?// E agora vem o MV insuperável, ON.//
Oradora KAREN: ON é o MV babilônico da Era. A música trata basicamente de abraçar a sua sombra e aceitá-la para tornar-se neste processo uma pessoa melhor. Se levarmos isso para a teoria de Carl Jung, estaremos falando do processo de individuação, que é quando o indivíduo se torna único, integral; se transforma em si mesmo./ Há algumas teorias sobre esse MV, inclusive uma que abrange toda a sorte de referências cinematográficas, citando sagas famosas como Maze Runner (Cena do JK fugindo da muralha), As Crônicas de Nárnia (outra cena do JK, dessa vez quando ele toca a concha), e filmes icônicos atuais e antigos, como Bird Box (cena da garota vendada ao lado de V) e O Rei Leão (Cena final da pedra em que os meninos sobem); mas para dar contexto à música e ao tema da era, acho que a teoria que mais faz sentido aqui é a bíblica, apesar de acreditar que sejam apenas referências para ajudar a ilustrar a teoria que embasa a música./ Jin inicia o vídeo andando em um campo de batalha cheio de cadáveres, que pode ser interpretado como a batalha sangrenta dentro de sua própria mente e a pomba flechada que ele resgata pode ser lida como a sua paz que se foi, uma vez que a pomba branca é um símbolo cristão da paz.//
Oradora KAREN: Então entram JK fugindo do que parece ser uma cidade ou uma fortaleza, onde na teoria simboliza Adão sendo expulso do éden, e Jimin com seus tambores pronto pra guerra./ A questão a respeito dos tambores nunca foi explicada, mas há referências históricas que em quase todas as civilizações antigas se utilizaram de tambores e instrumentos de percussão em geral para dar o tom e o ritmo da marcha de guerra; por isso muitos creem que nessa cena em específico Jimin quando se refere a confusão que as pessoas causam em si por não saber o que elas querem, e que por conta disso sua sombra cresce, os tambores abandonados podem representar as lutas passadas que ele já travou e o garotinho tocando o tambor representa a luta atual que ele trava contra sua própria sombra./ Outra referência bíblica é a de V deitado em uma posição que se assemelha muito a Jesus sendo crucificado, o que pode representar a dor e o sofrimento do estado de confusão de sua batalha interna com sua sombra. A garotinha vendada, que no Behind the scenes eles chamam de “Lena”, é lida na teoria como a representação de Maria Madalena, quem esteve ao lado de Jesus nos seus últimos momentos e que esteve presente para vê-lo ressuscitar. Uma alegoria que se encaixa muito bem na representação que o próprio ARMY tem na vida do BTS.//
Oradora LARI: Peço licença a Karen para falar esse trechinho completar de ON que GOGO nos enviou, porque me tocou muito a percepção final dessa análise, meus olhos ficaram de verdade marejados quando eu li essa parte. / Bom vamos lá, também temos a referência bíblica do RM como Noé, em frente a arca e cercado de animais; e a cena de Jungkook em sua ponte, onde ele entra em um lago em uma espécie de batismo./ A cena catártica do MV, porém, é o que ocorre depois de JK “tocar” a concha. O céu se fecha, vulcões entram em erupção, meteoros caem na Terra e tudo se colapsa enquanto os sete membros realizam o dance break. Essa cena não é gratuita, ela simboliza a importância da crise e do enfrentamento a ela para a evolução do nosso “eu”./ É uma batalha necessária com todas as partes que formam o nosso eu, e é um processo pelo qual se deve passar para se chegar lá. E por isso a letra reforça tanto a frase “tragam a dor”; o processo de individuação perpassa uma longa jornada de dor e sofrimento interno para se chegar a esta unidade tão desejada./ Ao final desta batalha, mesmo depois de um possível apocalipse, o mundo se renova, se recria e abre as portas para todas as possibilidades do seu “ser”; as árvores renascem, os muros e portões se abrem e um novo mundo de esperança os espera logo a frente, é só seguir; assim como eles seguem ao ponto mais alto daquela passagem, que é idêntica à pedra do rei de “O Rei Leão”, e enquanto todos sobem, Jungkook corre rumo ao topo da pedra, sem medo do desconhecido, porque agora eles sabem quem são e todos os processos que passaram para chegar lá e nada mais os assusta./ Lindo demais, né ? Armys, o BTS é surreal, era para ser, a arte deles precisa alcançar o mundo. //
Oradora KAREN: Lari, segura a emoção porque vem mais uma música emocionante e feita para nós, armys, tem um MV simples mas cheio de significado! / O MV de We Are Bulletproof: The Eternal é o mais simples da era, mas se engane, quem acha que por isso vai ser o mais fácil de assistir. Ele é considerado pelos fãs como um dos mais emotivos, e é claramente uma carta de amor a nós, ARMY’s./ Todo em animação, o vídeo nos mostra desde o começo as lutas que o BTS passou ao longo dos anos desde que debutaram. Com os personagens animados de cada era, os rapazes passavam por problemas que por vezes os machucavam, os magoavam e sempre seguiam em frente, para a era seguinte./ Em uma cena onde um RM mergulha em águas profundas, ele é salvo por uma luz roxa, que o guia até a superfície, em um trecho que fala sobre como o nome “Bangtan Seonyeondan” era vergonhoso e motivo de risadas.//
Oradora KAREN: Mais à frente, essa mesma luz roxa se multiplica em milhares e cerca os sete rapazes e formam uma figura semelhante aos army bombs nos estádios que eles lotam, que nós lotamos, porque com tudo isso eles querem nos dizer que toda essa dor e sofrimento só foi suportada graças ao ARMY, que toda a glória e o sucesso alcançados nesses anos de muita luta, eles devem a quem nunca soltou suas mãos nem por um segundo./ Eles agora fazem jus a seu nome, são à prova de balas, porque foram forjados a ferro e fogo ao longo dos anos com tudo e todos contra eles, e com o apoio do ARMY, então eles não têm mais medo. Juntos, ao final da música, eles desafiam todas as intempéries de suas carreiras, porque eles não têm mais medo, e num lindo encerramento onde o logo do ARMY se torna o do BTS./ Existem edits diversos onde ARMY’s encontraram a referência de cada momento retratado no MV, fazendo uma longa lista de acontecimentos marcantes e seus significados, mas se formos destrinchar isso aqui, esse episódio vai durar cinco horas.//
Oradora LARI: Karen, acho que o que mais marca esse vídeo, além da nostalgia e do teor emocional, é que novamente eles fazem uma busca ao passado e nos mostram o quanto esse passado calejado, sofrido e por vezes injusto tornou o BTS que conhecemos hoje, que é justamente a cena final, de todos os sete membros com as roupas do MV de “Boy With Luv”. / Eu sempre tento não romantizar o sofrimento de forma alguma e nem fazer propaganda da meritocracia, mas cara, que garra esses meninos tiveram, que força, agradeço todos os dias porque eles não desistiram, muito obrigada por continuarem tentando meninos e que felicidade observar cada conquista cada vez maior de vocês. // E temos a nossa rap line arrasando nos MVs, com j-hope trazendo sua maravilhosidade para o MV DE EGO. //
Oradora KAREN: O MV de Ego pode parecer o mais simples de se interpretar, mas não é. Ego começa com a intro do seu trailer de debut, e em seguida uma sequência de seus MV’s do mais recente para o mais antigo, o que já nos dá uma pequena ideia do que virá. Sim, é uma discussão acerca do passado do BTS ao seu presente naquele momento./ J-Hope começa o vídeo falando sobre retomar o seu passado e para quem ele era antigamente, enquanto aparenta andar sem sair do lugar, o que nos dá a ideia de que não se pode voltar no passado, o caminho só se faz seguindo em frente./ A cena em que ele desmaia e acorda em uma maca se assemelha um pouco a outra cena dele em outro vídeo da era HYYH, mas não vamos nos aprofundar nessa teoria, porque não corrobora com o tema central da música, por mais que possa sim fazer alguma referência./ Nesta cena, porém, ele fala sobre os problemas e as angústias da sua vida atual, e como seria bom voltar ao passado quando nada disso acontecia, e em seguida cair em si e perceber quanto amor recebe e quanta alegria há em sua vida atual, e finaliza, quando está no carro percorrendo o seu caminho, que estas foram as suas escolhas e que ele está muito bem com suas consequências.//
Oradora KAREN: Basicamente, uma das teorias diz que no refrão a figura de J-Hope pisca constantemente para ilustrar o seu equilíbrio entre sua persona, sua sombra e seu ego. J-Hope na segunda parte do vídeo fala sobre suas angústias enquanto Jung Hoseok e o quanto sua vida não seria a mesma sem J-Hope, o que demonstra uma saudável e bem resolvida relação com sua persona, ao contrário de RM na intro./ Um pouco depois, ele também demonstra sua relação com sua sombra, na cena da loja de ternos, onde ele entra em um compartimento secreto que dá para um corredor escuro, onde ele dança e comemora o seu “eu”, entrando em seguida em um labirinto e afirmando que qualquer caminho que ele tome, é o seu caminho; mesmo com as angústias e inseguranças, mesmo com os percalços em sua vida, ele abraça a todos e segue o caminho que escolheu, que lhe pertence.//
Oradora LARI: Um ponto muito interessante e que fez eu me apaixonar por esse MV, além da música é claro, pois OUTRO:EGO é brilhante, eu AMO essa faixa, comigo é Deus no seu e ela na terra. / É que MV é sempre muito alegre e colorido, mesmo nas representações de sombras e dificuldades, e creio que isso representa bem a figura segura, confiante do nosso solzinho./ Bom, agradeço mais uma vez a Karen por representar a GOGO esta noite e agradeço a GOGO por essa pesquisa maravilhosa. / Bom, essa Era é tão grandiosa que temos mais informações, por isso a Sara vai falar resumidamente sobre os lançamentos, conquistas e feitos dessa era que mesmo vivendo a pandemia, foi de grande importância pro BTS e para nós, ARMYs!//
Oradora SARA: Se você, assim como eu, tem acompanhado a jornada do BTS ao longo dos anos, sabe que eles não são apenas um grupo de K-pop. BTS é uma verdadeira força cultural global, impactando milhões de corações com suas músicas profundas, performances apaixonantes e uma conexão única com seus fãs, os ARMYs./ Hoje, estamos falando de dois dos álbuns icônicos de sua carreira: Map of the Soul: Persona (2019) e Map of the Soul: 7 (2020). Esses trabalhos não só consolidaram o BTS no topo das paradas mundiais, como também trouxeram à tona questões universais que ressoam com todos nós. Identidade, autoconhecimento, amor, sombra, desafios e superação – são temas profundos que o grupo abordou com maestria e autenticidade./ E é impossível falar desses álbuns sem sentir um profundo orgulho e admiração pelo caminho que o BTS trilhou, tanto musicalmente quanto pessoalmente. Esses sentimentos são parte do que torna a conexão com o BTS tão única para nós, ARMYs. A gratidão por eles compartilharem suas vulnerabilidades conosco, o respeito pelo esforço incansável em suas carreiras, o amor que dedicam a cada obra e a admiração que sentimos por cada conquista./ Ao longo de sua trajetória, o BTS tem nos mostrado o verdadeiro significado da superação e da autenticidade, e esses dois álbuns são prova disso. Esses álbuns representam marcos essenciais na trajetória do BTS, refletindo o crescimento pessoal dos membros e como eles encontraram formas de se expressar de maneira honesta e vulnerável./ Hoje, estamos levando vocês em uma jornada por esses dois álbuns que, para nós ARMYs, não são apenas álbuns, são capítulos da vida do BTS e de todos que os acompanham.//
Oradora SARA: Vamos começar por Map of the Soul: Persona, lançado em 12 de abril de 2019. Esse álbum marcou uma nova fase na carreira do BTS, uma transição para um momento ainda mais reflexivo, onde eles começaram a explorar de maneira mais direta questões sobre identidade e autodescoberta./ E como dito anteriormente, o título "Persona" já revela muito sobre o conceito central: inspirado nas teorias de Carl Jung, o álbum discute a "persona", o lado da personalidade que mostramos ao mundo, contrastando com quem realmente somos por dentro. Isso, por si só, é uma reflexão que faz com que nós, fãs, nos identifiquemos profundamente./ Quem nunca se perguntou quem realmente é, além das expectativas que a sociedade impõe? O grupo nos leva a refletir sobre quem realmente somos, além das expectativas impostas pela sociedade, e essa reflexão nos faz sentir uma identificação profunda. Para muitos de nós, ARMYs, esse álbum foi uma oportunidade para reavaliar nossa própria jornada de autoconhecimento. O single principal, "Boy With Luv", com a participação da cantora americana Halsey, foi um grande sucesso.//
Oradora SARA: A música tem uma sonoridade leve e alegre, e é uma verdadeira celebração do amor, mas não um amor qualquer – é um amor maduro, cheio de gratidão e reflexões. Ela marcou um momento especial na carreira do BTS, pois foi uma resposta direta à faixa "Boy in Luv" de 2014, mostrando como eles cresceram tanto pessoal quanto artisticamente. Ao ouvirmos essa canção, nos sentimos transportados para um lugar de celebração e reflexão sobre as muitas formas que o amor pode assumir./ Pouco menos de um ano depois, em 21 de fevereiro de 2020, o BTS lançou Map of the Soul: 7. E se Persona já havia sido impressionante, Map of the Soul: 7 levou tudo a outro nível. O álbum é uma verdadeira celebração dos sete anos de carreira do grupo, mas também é incrivelmente íntimo e pessoal. Aqui, o BTS mergulha nas profundezas da psique, abordando o conceito de "sombra" de Jung – o lado de nós mesmos que muitas vezes reprimimos e não queremos enfrentar. A "sombra" nos assusta, mas é uma parte essencial de quem somos./ 7 explora esses aspectos sombrios de maneira crua e honesta, e por isso foi considerado um dos álbuns mais profundos e ambiciosos do BTS até hoje. Para os ARMYs, Map of the Soul: 7 foi mais do que um álbum – foi um testemunho do quanto o BTS cresceu como artistas e como pessoas, nos inspirando a fazer o mesmo.//
Oradora LARI: Sara, acho que posso dizer que tudo o que foi dito até aqui neste episódio reforçou e tornou ainda visível o vínculo poderoso que temos com os meninos e a forte admiração que nós Armys possuímos por essa Era, mas como o impacto que esses álbuns causaram na mídia e na crítica ?
Oradora SARA: Lari, esses dois projetos abriram caminho para que o BTS atingisse um nível sem precedentes de sucesso global, não apenas nas paradas, mas como um fenômeno cultural que transcende a música. Esses dois álbuns continuam sendo momentos definidores na carreira do BTS, moldando tanto a trajetória do grupo quanto a conexão com seus fãs ao redor do mundo./ Os álbuns Map of the Soul: Persona e Map of the Soul: 7 do BTS não só foram sucessos de vendas e crítica, como também deixaram um legado de conquistas e prêmios ao redor do mundo. Ambos os álbuns marcaram a carreira do BTS como pontos altos de criatividade musical e impacto global, refletindo uma nova era de sucesso tanto na Coreia do Sul quanto internacionalmente.//
Oradora SARA: Map of the Soul: Persona foi o início de uma nova era para o BTS, destacando uma exploração profunda das emoções e identidade humana. Musicalmente, o álbum mistura gêneros como pop, hip-hop e R&B, com letras introspectivas que abordam temas como amor, crescimento pessoal e a busca pelo autoconhecimento./ O sucesso de Persona foi além dos números, recebendo aclamação crítica global. O álbum não apenas alcançou o topo das paradas sul-coreanas, como também estreou na primeira posição da Billboard 200 nos Estados Unidos, tornando-se o terceiro álbum consecutivo do BTS a alcançar esse feito em menos de um ano. Isso consolidou o BTS como o primeiro grupo desde os Beatles a conseguir tal conquista, marcando sua entrada definitiva no mercado ocidental.//
Oradora SARA: Map of the Soul: 7 que celebra os sete anos de carreira do BTS e também reflete a jornada pessoal e coletiva de cada membro. O álbum é considerado um dos mais pessoais e introspectivos do grupo, com faixas que abordam a luta com as pressões da fama, a identidade pessoal e a busca pela aceitação. Musicalmente, 7 continua a fusão de diferentes estilos, como pop, hip-hop e música eletrônica, enquanto aprofunda as letras emotivas e reflexivas que se tornaram marca registrada do BTS./ Com singles de sucesso como "ON" e "Black Swan", Map of the Soul: 7 teve um impacto massivo nas paradas musicais globais. O álbum estreou no topo da Billboard 200, marcando o quarto número 1 consecutivo do BTS nos Estados Unidos./ Na Coreia do Sul, o álbum também foi um fenômeno, quebrando o recorde de vendas na primeira semana, com mais de 4 milhões de cópias vendidas mundialmente até o final de 2020./ O clipe de "ON" também estabeleceu novos recordes, com o BTS consolidando seu status de superestrelas globais. Além disso, Map of the Soul: 7 trouxe uma profundidade ainda maior para o fandom do grupo, os ARMYs, que se conectaram profundamente com as mensagens de superação, resiliência e reflexão presentes no álbum.//
Oradora LARI: É bizarro, que mesmo sendo fã e sabendo a dimensão e tamanho do poder do BTS eu não consigo deixo de ficar impressionada quando falamos dos números incrivelmente estratosféricos que suas obras alcançam, dos recordes alcançados e dos prêmios que eles colecionam, que orgulho, meu peito enche de orgulho.//
Oradora SARA: Lari, como você citou a palavra “prêmios” , para encerrar irei falar um pouquinho sobre. / Ambos os álbuns não só foram sucessos comerciais, mas também ganharam uma vasta gama de prêmios, tanto na Coreia do Sul quanto internacionalmente. O Map of the Soul: Persona, legou os seguintes prêmios: Billboard Music Awards 2020: Melhor Álbum de K-pop./ Melon Music Awards 2019: Álbum do Ano (Daesang)./ Mnet Asian Music Awards (MAMA) 2019: Álbum do Ano e Artista do Ano./ Golden Disc Awards 2020: Álbum Digital Bonsang e Daesang./ Guinness World Records: Vídeo musical mais visto em 24 horas no YouTube com "Boy With Luv"./ Já o Map of the Soul: 7, levou: Billboard Music Awards 2020: Melhor Álbum de K-pop e Melhor Duo/Grupo./ Melon Music Awards 2020: Álbum do Ano (Daesang), Artista do Ano, e Música do Ano ("Dynamite")./ Mnet Asian Music Awards (MAMA) 2020: Álbum do Ano, Artista do Ano, Melhor Grupo Masculino./ Golden Disc Awards 2021: Daesang de Álbum do Ano e Bonsang./ American Music Awards 2020: Artista Favorito em Duo/Grupo Pop/Rock e Artista Favorito nas Redes Sociais./ E o Guinness World Records: Maior número de engajamentos no Twitter para uma banda./ Além disso, o BTS foi indicado e premiado em outras grandes cerimônias, como o MTV Europe Music Awards e o iHeartRadio Music Awards, consolidando ainda mais sua presença global. Os álbuns também ajudaram o grupo a quebrar inúmeros recordes, incluindo o de mais álbuns vendidos em tempo recorde na Coreia e os números avassaladores nas plataformas digitais.//
Oradora LARI: É isso, não tem jeito, o S de Sucesso é do BTS ! / E Sara, muito obrigada por esse bate papo, agradeço imensamente! / Aproveito também para agradecer as outras oradoras, sério, que episódio incrível, com informações de tirar o fôlego e tenho certeza que todas nós saímos daqui hoje muito contentes por ter relembrado, aprendido e descoberto tanta coisa boa sobre essa Era./ Aproveito, para lembrá-los que temos lançamentos praticamente fresquinhos dos meninos, incluindo do homem que possui um face card de respeito , ele mesmo o nosso amado, gentil e esforçado Kim SeokJin com a faixa “ILL BE THERE”, então coloquem suas playlists para rodar porque se a gente organizar direitinho e respeitar nossa rotina, nós podemos colocar todos os sete no topo hein ! Eles merecem todo nosso amor! Agora eu deixo o espaço para nossas oradoras se despedirem.//
FALA FINAL: Obrigada, mais uma vez, pela call de hoje eu agradeço cada um dos oradores e todos que participaram como ouvinte, vocês são incríveis./ Não se esqueçam de ouvir os trabalhos do grupo e também os individuais, afinal o BTS é um todo de SETE, e é muito importante apoiar e dar streams no trabalho de todos eles./ Bom, esse é o meu momento influencer do PODARMYS, ou seja, compartilhem a call, favoritem e indiquem para mais armys./ Quero lembrar novamente que o pod é um lugar para você se sentir bem, lugar de conforto e encontro./ Então se você tiver alguma sugestão ou gostaria de que algum tema fosse abordado, ou simplesmente gostaria de ser ouvido, pode enviar mensagem na nossa DM, sinta-se em casa!/ O pod foi feito de army para army e vocês sempre serão bem vindos / Nos vemos na próxima call.//
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